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Localizada no sopé da
Serra do Mar, de onde jesuítas, comerciantes,
tropeiros, autoridades do reino tomavam fôlego
para atingir o Planalto, Cubatão tornou-se
essencialmente um lugar de passagem, obtendo
assim um papel de destaque no cenário da Baixada
Santista, do Estado de São Paulo e do Brasil.
Tudo começou pelo
caminho das águas, partindo do Porto das Naus,
em São Vicente, seguindo pelo Mar Pequeno, Canal
dos Barreiros, Largo do Pompeba, Rio Casqueiro,
Largo do Caneú, Rio Cubatão, Rio Mogi e Rio
Perequê.
Para alcançar o
Planalto, seguia-se no início a trilha dos
índios Tupiniquins. Depois, através do Vale do
Rio Perequê, o chamado Caminho do Padre José.
Mais tarde, a Calçada do Lorena, mais à
esquerda, a partir do Rio Cubatão, tornou-se o
principal caminho entre o litoral e o planalto.
O Porto Geral de
Cubatão teve a sua origem na primeira metade do
século XVIII. Ao seu lado, desenvolveu-se um
povoado, por muito tempo conhecido por essa
denominação. Era ali que as cargas e mercadorias
trocavam as balsas que vinham do porto pelo
lombo das mulas que formavam as tropas que
subiam a Serra do Mar.
Por pouco tempo
(1833-1841) o povoado esteve elevado à categoria
de município, período após o qual foi anexado a
Santos, mantendo-se praticamente estagnado até a
década de 1920, quando surgiram as obras da
Usina da Light e da Companhia Santista de Papel.
Após 1940, houve um novo surto com a construção
da Via Anchieta, culminando com a implantação da
Refinaria Presidente Bernardes, inaugurada em
1955, e da Companhia Siderúrgica Paulista, a
Cosipa (autal Usiminas), em 1959.
O crescimento de
Cubatão levou a que em 1º de janeiro de 1949 a
cidade obtivessa a emancipação
político-administrativa em relação a Santos. O
primeiro prefeito da cidade assume em 9 de
abril, tornando-se esta data o dia em que se
comemora o aniversário da Cidade.
Com a Via Anchieta, o
transporte rodoviário foi dinamizado entre São
Paulo e a Baixada Santista, tornando Cubatão um
grande centro de tráfego de veículos de passeio
e de carga, fortalecendo ainda mais sua vocação
de caminho do desenvolvimento de São Paulo e do
Btrasil.
Com o passar dos anos,
a Cubatão foi se transformando, ganhando
indústrias, fruto do desenvolvimento industrial
paulistano e paulista, bem como dos
investimentos federais. Nenhum plano orientou a
instalação do parque industrial cubatense,
porém. As fábricas foram se localizando ao sabor
das vantagens imobiliárias ou pré-requisitos
necessários às suas operações (perto ou longe de
um núcleo urbano, a favor ou contra as correntes
de vento, perto ou longe de cursos d'água, etc)
e, no decorrer dos anos, começaram a surgir
sérios problemas ambientais, com a poluição do
ar, água e solo do Município.
Dezoito das atuais 24
indústrias que formam o Pólo de Cubatão foram
implantadas no período de 1955 a 1975. Duas
dessas indústrias, Ultrafértil e Cosipa, possuem
terminais portuários, onde recebem
matérias-primas e embarcam seus produtos
acabados.
Além da geração de
empregos, a concentração industrial de Cubatão
trouxe resultados importantes do ponto de vista
financeiro e do fortalecimento da capacidade
tributária municipal. A base de sustentação do
Município é, portanto, a arrecadação do ICMS,
ficando o IPTU, o ISS e outros tributos diretos
em segundo plano, se comparado com o quadro dos
demais municípios da Baixada Santista.
Mais historias,
É ponto pacífico entre os estudiosos que
a região do atual município de Cubatão foi ocupada, há pelo menos 7.000
anos, pelo chamado Homem do Sambaqui: eram grupos seminômades, que tinham
sua vida cotidiana ligada ao mangue, donde tiravam sua subsistência,
marcada por siris, conchas bivalves, berbigões e peixes, os quais
aproveitavam para desenvolver sua manufatura de peças mistas – líticas e
orgânicas – caracterizadas por ferramentas de pedra polida (do
Mesolítico), adornos e outros equipamentos (DUARTE,1968).
Sua principal característica, que dá nome ao grupo, é o fato de serem
construtores de sambaquis – palavra índia que significa TAMBA-A-AQUI:
“monte de conchas” (MADRE DE DEUS, 1923); os sambaquis não eram o local de
moradia desse grupo; eram simplesmente os “lixões” onde eram depositadas
as sobras da alimentação, as carcaças dos crustáceos e as ossadas de
peixes e pequenos mamíferos que serviam de alimento; por motivos
desconhecidos, passaram a abrigar enterramentos humanos, sendo que a
intempérie dissolveu as camadas superiores do sambaqui, fazendo uma
petrificação por cálcio dos esqueletos imersos no núcleo do sambaqui,
conservando-os, e a seus adornos funerários, pelos milênios.
No século XIX, esses monumentos pré-históricos foram visitados pelo
Imperador D.Pedro II, exímio naturalista, que deles se encantou; no século
XX, foram alvos de estudos por parte da Universidade de São Paulo (a USP),
e atraíram inclusive a atenção de Paul Rivet, o lendário Diretor do Museu
do Homem de Paris, e “pai” da moderna Antropologia americana (RIVET, s/d).
Na disputa pela ocupação do espaço do litoral, há aproximadamente 1.000
anos, os índios, oriundos do Planalto Brasileiro, desceram a Serra do Mar
e se estabeleceram temporariamente na Baixada, donde retiravam peixe e
sal; neste estabelecimento, faziam diversas viagens entre o Planalto e o
Litoral, e abriram diversos caminhos na Muralha do Atlântico que, segundo
se fala, iam do litoral até a Cordilheira dos Andes. O mais conhecido
desses caminhos era o Caminho do Piaçagüera de cima, que desse lugar subia
a Serra pelo secular trilho dos Goianases, no Vale do Ururaí (atual Mogi)
e COSTA E SILVA SOBRINHO, s/d). Descendo a Serra do Mar, os índios
ocuparam a região e exterminaram (ou absorveram) o grupo do Homem do
Sambaqui.
Embora haja provas abundantes da ocupação indígena, deles temos poucas
informações, exceto aquelas que nos são outorgadas pelos invasores
portugueses; sabemos, grosso modo, que foram testemunhas das expedições
pré-coloniais e da chegada da expedição colonizadora de Martim Afonso de
Sousa.
O primeiro documento oficial que cita Cubatão é a Carta de Doação de
Sesmaria, passada por Martim Afonso em 10 de fevereiro de 1533, onde ele
concede á Rui Pinto as terras do Porto de “Apiaçaba”, e as terras situadas
“na Barra do Cubatão”, entre os rios Ururaí e Perequê (BORGES, 2002). Em 4
de março, Martim Afonso doa outra sesmaria a Francisco Pinto (irmão de Rui
Pinto), sesmaria que ia do Rio Perequê ao Rio das Pedras.
Em 1556, durante o Governo Geral, foi doada a Antonio Rodrigues de Almeida
uma sesmaria cujas terras partem do Rio das Pedras, até o Rio Pilões; essa
sesmaria foi adquirida em 1643 pelos padres da Companhia de Jesus, sendo o
embrião da Fazenda Geral dos Jesuítas, também chamada de Fazenda Geral do
Cubatão. As terras jesuíticas margeavam o rio Cubatão, o que lhes dava
controle sobre a navegação fluvial que ligava a escarpa da Serra do Mar e
o Porto de Santos: em realidade, com o tempo, os jesuítas passaram a
controlar o comércio (essencial) entre o Planalto e os corredores de
exportação e importação – os jesuítas tiveram a brilhante idéia de cobrar
pela passagem fluvial, além de alugar botes e canoas que faziam a passagem
entre a Ilha de Goiaó e o Cubatão.
Os comerciantes da Vila de Santos foram os primeiros a reclamar dessa
cobrança, e a Câmara da Vila de Santos enviou Ofício ao Rei de Portugal,
mas tudo foi em vão: desde 1745, os jesuítas solicitavam permissão
preventiva para a cobrança; mesmo após a Reforma Pombalina, que expulsa os
jesuítas de todo o Império Português, em 1759, Cubatão é a primeira
Alfândega do Brasil, cobrando impostos de passagem dos bens e produtos que
sobem ou descem a Serra do Mar.
A própria existência de uma Alfândega já era sinal do desenvolvimento
acelerado da antiga Capitania de São Vicente, agora chamada de São Paulo:
o desenvolvimento da vila de São Paulo de Piratininga, acelerado, gerava
necessidades e riqueza, nas expedições de caça ao índio e de prospecção
dos Bandeirantes; em vista disso, desde 1560, o governador-geral Mem de
Sá, julgando o Caminho dos Goianases muito inseguro, por estar infestado
de índios hostis aos portugueses, mandara que ele fosse abandonado, e que
fosse utilizado o chamado Caminho do Padre José, no Vale do Rio Perequê,
também chamado de “Estrada do Cubatão Geral”.
Porém, no século XVIII, Da. Maria I, Rainha de Portugal, envia ao Brasil o
fidalgo Bernardo José Maria de Lorena, Conde de Sarzedas, como Governador
da Capitania de São Paulo. Lorena, assombrado com o desenvolvimento da
Capitania, não aceitava a existência de um caminho de serra tão escarpado
e dificultoso quanto o Caminho do Padre José; aproveitando a estada do
Real Corpo de Engenheiros, veteranos da reconstrução de Lisboa após o
terremoto de 1790, e incumbidos da delimitação do Tratado dos limites do
Brasil com a América Espanhola, Lorena se propõem a construir uma estrada
calçada de pedra pela Serra do Mar, no trecho entre o Rio das Pedras e o
Rio Cubatão.
Essa obra, pelo seu ineditismo e sua grandeza, ficou conhecida como
“Calçada do Lorena”, com 8.000 metros de extensão e 3 metros de largura,
toda calçada em pedra. Lorena escrevia assim seu nome na História, sendo o
mentor daquela que fora, em sua época, a estrada mais moderna da América.
A Calçada do Lorena prosseguiu em sua importância, pois passa, em 1822, a
ser a “Estrada da Independência”: é por ela que trafega o Príncipe
D.Pedro, em sua histórica jornada de 7 de setembro, quando parte de
Santos, da casa de José Bonifácio, passa pelos ranchos no atual Largo do
Sapo em Cubatão e se dirige a São Paulo, quando é interceptado, nas
margens do Ipiranga pelo mensageiro real. Por pouco, a Independência não é
proclamada em solo cubatense.
Em 1803, em decreto de 19 de janeiro, o Governador da Capitania, Antonio
José de Franca e Horta, numa política de povoamento e desenvolvimento da
Capitania, ordena a edificação do Povoado de Cubatão, na extinta Fazenda
dos Jesuítas, entre os rios Capivari e Santana, na margem direita do rio
Cubatão; se alguém mereceria o epíteto de “fundador” seria Franca e Horta:
é dele a iniciativa de formar o povoado. Em Edital de 22 de agosto, ele
convida famílias de Iguape para povoarem Cubatão.
Mas somente em 17 de janeiro de 1819, em pleno Período Joanino, cinco
famílias da Ilha dos Açores vêem para Cubatão: são os famosos “cinco
Manuéis” – Manuel Espíndola Bittencourt, Manuel do Conde, Manuel Correia,
Manuel Gomes e Manuel Antônio Machado, que segundo consta, não seria
“Manuel”, mas simplesmente Antonio Machado – o erro seria de transcrição
do nome, e permaneceu na História de Cubatão. A riqueza de Cubatão, seu
solo, foi explorada pelos portugueses na forma de seu produto mais
tradicional: a banana.
Em 1827, para facilitar o escoamento de produtos que desciam ou subiam a
Calçada do Lorena, foi inaugurado um aterrado, que ligava Santos à
Cubatão; esse aterrado é a origem da atual Avenida Nove de abril, pois dá
início à Calçada do Lorena, no Largo do Sapo, no local hoje marcado por
uma mureta verde e branca.
Em 12 de agosto de 1833, a Regência Trina Permanente, instituída após a
abdicação de D.Pedro I, sanciona a Lei n. 24, que elevava o Porto Geral de
Cubatão à categoria de município, desmembrando-o de São Vicente; mas a
penúria em que se encontra o Povoado, faz com que a autonomia seja tolhida
pela Lei Regencial n.167, de 1o. de março de 1841, que incorpora o Povoado
de Cubatão à cidade de Santos (BORGES, 2002).
Em realidade, o marasmo que toma conta do povoado, justifica a atitude;
poucas informações se fazem deste momento, ficando atreladas às duas
visitas do Imperador D.Pedro II: a primeira em 1846, quando é inaugurada a
“Estrada da Maioridade”, o antigo Caminho do Vergueiro; até hoje, com
sucessivos melhoramentos, ela é conhecida como Estrada Velha de Santos. Em
1992, um temporal faz com que parte de seu piso asfáltico ceda, e dê
origem a uma cratera de nove metros; assim, ela é fechada ao público,
permanecendo assim até nossos dias.
A segunda visita do Imperador ocorre em 1876, quando D.Pedro II visita os
sambaquis da Ilha dos Casqueirinhos, atualmente área da COSIPA.
Nesse meio tempo, em 1867, é inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo
Railway, que corta o povoado e sobe a Serra do Mar – seu objetivo era
trazer do interior de São Paulo a riqueza do café, embarcada pelo Porto de
Santos.
A situação do povoado é tão modorrenta, que pouco temos conhecimento do
cotidiano do final do século XIX; porém, na esteira da liberdade e do
abolicionismo santista, Cubatão abriga quilombos e negros fugidos – no
Vale do Rio Mogi subsistiriam as ruínas de um antigo quilombo e de um
engenho de açúcar. A evolução da cidade de Santos acaba segregando Cubatão
como um bairro distante da Sede do Município, abrigando no Cemitério de
Cubatão inclusive o Cemitério Israelita, o qual, acredita-se, sepultava os
despojos das “polacas” – prostitutas judias trazidas da Europa Oriental.
Embora durante a República Velha, a riqueza do Brasil tenha sido o café,
trazido pelos trilhos da “ingleza” que atravessa Cubatão em direção ao
Porto de Santos, no bairro a riqueza é personificada pela banana – na
fruta tropical uma atividade lucrativa, e durante muito tempo é a maior
riqueza da terra, facilmente exportada pelos trens para Santos e outras
localidades. Até hoje o brasão da cidade mantém essa herança, simbolizada
nas duas folhas de bananeira que o ladeiam, assim como qualquer passante
desavisado pode notar pelas ruas e terrenos da cidade. A bananicultura foi
introduzida em Cubatão por Henrique Muniz de Gusmão Brunken (avô de Afonso
Schmidt); além da bananicultura, outra fonte de renda era a extração de
areia e pedras.
No final do século XIX, surgem diversos pequenos curtumes em Cubatão; em
1895, se instala a Companhia Curtidora Max, que no século XX é adquirida
pela Costa Muniz, posteriormente se dedicando a produzir cintos,
mangueiras, correias, fios e cordas de couro. A Cia. Max é a primeira
grande indústria a se instalar na região de Cubatão, mas é seguida, em
1916, pela Companhia Anilinas de Productos Chimicos do Brasil]], que se
instala em vasta gleba, no centro do povoado (na atual avenida 9 de
abril); ela produz até 1964 tintas, vernizes e outros compostos, mas não é
a grande absorvedora de mão de obra: em 1918, se instala numa das falhas
da Serra do Mar, a Companhia Santista de Papel, numa área em que se possa
construir uma usina hidrelétrica, em vista da abundância de recursos
hídricos e a proximidade tanto do Porto de Santos, quanto da capital – São
Paulo (PASSERANI, 2004). Essa industrialização traz forasteiros e um
progresso acelerado para a região (BORGES, 2002).
Em 1922, comemorando o Centenário da Independência do Brasil, o Presidente
do estado de São Paulo, Washington Luiz de Souza, manda construir ranchos
na Estrada da Maioridade, que evoquem a importância histórica da região;
entrega a responsabilidade dos projetos a Victor Dubugras e a
responsabilidade dos azulejos a J. Wasth Rodrigues. São construídos seis
monumentos: o Cruzeiro Quinhentista, único na Planície, que marca o
cruzamento dos caminhos indígenas e o início da Calçada do Lorena e do
Caminho do Mar; o Pouso do Paranapiacaba, o Rancho da Maioridade, o
Monumento do Pico, o Pouso Circular (ou Belvedere) e o Padrão do Lorena,
no encontro entre o Caminho do Mar e a Calçada do Lorena.
Os monumentos na Serra foram, curiosamente, privatizados com a Eletropaulo
pelo Governo do estado de São Paulo, em 1995; o Cruzeiro Quinhentista
aparentemente ficou fora dessa “privatização cultural”, pois se encontra
em estado de total abandono, depredado e sofrendo sérios problemas
estruturais que podem fazê-lo tombar em pouco tempo, justo ele que, com a
remodelação da Avenida 9 de abril em 1976, foi desmontado pedra a pedra e
remontado duzentos metros adiante. Dos demais, apenas do Pouso do
Paranapiacaba encontra-se razoavelmente protegido, pois abriga um posto de
vigilância da EMAE; os demais foram abandonados e correm o risco de
desaparecer. A escolha de Washington Luís é explicável pela largura da
Estrada, bem mais ampla que a Calçada do Lorena; para corrigir uma
eventual falha histórica, ele manda construir um “arco do triunfo” para
Lorena – o Padrão do Lorena.
A Lei de 26 de setembro de 1922 (Lei 1871), criava o Distrito de Paz de
Cubatão, mas permanecia como um bairro de Santos. Isso daria margem a que,
em 28 de fevereiro de 1930, o jornal “Voz de Cubatão”, propagasse a idéia
da Emancipação Política.
Em 1926, a Estrada Velha da Serra do Mar é a primeira estrada brasileira e
sul-americana totalmente pavimentada em concreto de cimento; para
comemorar, é construído o Pontilhão da Raiz da Serra e afixadas duas
placas comemorativas, que hoje se encontram dentro da área da Refinaria
Presidente Bernardes, longe dos olhares populares (PASSERANI, 2004).
Em 1926, seguindo o Projeto de Billings e de Henry Borden, a Light and
Power Company, responsável pelo abastecimento elétrico de São Paulo,
constrói uma Usina Hidrelétrica a céu aberto em Cubatão, aproveitando a
captadora do Rio das Pedras e a caída da água pela Serra do Mar; o projeto
acaba sendo modificado em função dos bombardeios durante a Revolução
Constitucionalista de 1932 e a Doutrina de Segurança advinda da Missão
Militar Americana, durante a Segunda Grande Guerra (SKIDMORE, 1999);
assim, em 1955, é inaugurado um grupo de geradores que forma a Usina
Subterrânea. Em homenagem a seu idealizador, a Usina recebe o nome de
Henry Borden.
Com o desenvolvimento da região, é construída em 1947 a Via Anchieta,
chamada de “orgulho da engenharia rodoviária nacional”, a mais moderna das
rodovias brasileiras na época; com o crescimento, o fortalecimento
comercial e industrial, o bairro começa a perder suas características
agrícolas e começa a sonhar com o futuro. Organiza-se em 1948 um grupo de
trabalho para lutar pela elevação de Cubatão à categoria de município. O
grupo passou à História da cidade como “Os Emancipadores”, realizando em
17 de outubro um plebiscito, que culmina com a vitória pró-desmembramento.
Os Emancipadores encontram em Lincoln Feliciano, Deputado Estadual,
acolhida para sua pretensão, e pela lei 233, de 24 de dezembro de 1948,
Ademar de Barros, Governador, sanciona a pretensão. Em 1 de janeiro de
1949, Cubatão é elevado à categoria de Município, ficando sob a
administração interina do Prefeito de Santos e de seu Sub-Prefeito, até
que a população de Cubatão eleja seu Prefeito. Em 9 de abril, o vencedor,
Armando Cunha, um dos “Emancipadores”, é empossado.
Armando Cunha tem uma tarefa complicada, pois embora a cidade já tenha
nascido industrializada, os tempos pedem ações rápidas: o nacionalismo do
Presidente Getúlio Vargas traz a PETROBRÁS em 1953, com o início da
construção da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão; o terreno
escolhido pelos engenheiros da Petrobrás é justamente o do Cemitério
Municipal, que é retirado e transferido para uma nova área, no antigo
Sítio Cafezal. Com a instalação e o início do funcionamento da Refinaria,
em 1955, a cidade adquire o status de industrializada, principalmente
quando, oito anos depois, se instala a Usina da COSIPA – Companhia
Siderúrgica Paulista, dentro da visão desenvolvimentista do Presidente
Juscelino Kubitschek de Oliveira e de seu Plano de Metas.
Desde a emancipação, a política da cidade se complica. Diversas correntes,
muitas delas de segregação dos migrantes nordestinos que vem para Cubatão,
se encontram no seio da política municipal. Não raro, há embates físicos
entre políticos e correligionários. Armando Cunha é sucedido pelo
conceituado médico Luiz de Camargo da Fonseca e Silva em 1953, mas em 1957
volta à prefeitura. Diversos grupos políticos se formam na cidade, e as
opiniões começam a se tornar motivos de discórdias e rixas. Em 1961, em
meio a uma disputa recheada de intrigas, Abel Tenório de Oliveira, de
origem nordestina, é eleito prefeito. É uma fase de conflitos, que culmina
com a morte do vereador Aristides Lopes dos Santos, o Dinho, e a morte do
próprio prefeito Abel Tenório; ambos são crimes políticos, e encobertos
pelas névoas do tempo e da Revolução de 1964.
Com a morte do prefeito, assume seu vice, José Rodrigues Lopes, que
termina seu mandato em 1965, sendo sucedido pelo médico Luis Camargo.
Nesta fase, a do endurecimento do Regime Militar iniciado em 1964, o
Governo Federal torna Cubatão "Área de Segurança Nacional" com a lei 5449,
em vista de seu interesses estratégico industrial, elétrico e de
fornecimento hídrico. Começa a fase dos “Interventores”.
O primeiro Interventor é o Engenheiro Aurélio Araújo, que governa de 1969
a 1971. Araújo começa uma nova fase na História da cidade, quebrando todos
os vínculos com o passado; ele desmobiliza as principais facções políticas
e inaugura uma fase de exacerbado paternalismo governamental na área
social. Uma de suas ações é modificar totalmente o Brasão da cidade (obra
do vereador na primeira Câmara em 1949, Mayr Godoy), substituindo-o por
outro brasão evocativo de um desenvolvimento industrial.
Em 1971 é nomeado outro interventor, o também Engenheiro Zadir Castelo
Branco, que tem como prioridades à mudança do curso do rio Cubatão, obra
necessária pelas constantes enchentes na cidade, a construção de um novo
gabinete do prefeito (a célebre “Gaiola de Ouro”, na Av. 9 de abril com
rua Padre Nivaldo), e de um novo Paço Municipal.
Em 1975, é nomeado novo Interventor: Carlos Frederico Soares Campos,
farmacêutico mato-grossense; Campos irá terminar as obras de Zadir,
inaugurando o Paço Municipal Piaçagüera, o novo curso do rio; conta-se que
a Administração Campos foi das mais brilhantes, em parte pela receita
astronômica gerada pelas indústrias; porém, o final dos sete anos de
administração Campos são marcados pelo escândalo que ficou conhecido como
“mar de lama”, que envolvia tanto o primeiro escalão da administração,
como a Câmara Municipal: denunciado por um munícipe, e pelo Vereador
Roberto Ferreira envolvia Campos, seu secretariado e a Mesa da Câmara.
Em 1982 foi nomeado o advogado José Osvaldo Passarelli como Interventor.
Nesta fase, a industrialização começa a cobrar seu alto preço ambiental:
Cubatão tem uma degeneração violenta e começa o mito do “Vale da Morte”;
com o incêndio da Vila Socó, em fevereiro de 1984, a tragédia ganha
contornos nacionais e mundiais, pois a explosão dos dutos da Petrobrás,
sobre os quais se erguia uma favela que foi pulverizada, pôs a nu os
problemas advindos de políticas energéticas não planejadas e de erros.
Uma tragédia incontável, pois nem a Prefeitura, nem o Governo Estadual e
nem a Petrobrás conseguiram precisar o número de mortos; num dado momento,
ocorrem situações anacrônicas: a Escola João Ramalho é usada como
necrotério; o estado doa trezentos caixões; a Prefeitura usa as listas de
alunos da Escola de Educação Infantil para checar quem volta às aulas.
Na seqüência vem o desastre da Vila Parisi: encravada num polígono entre
várias indústrias, nos fundos da Aciaria da COSIPA, a favela da Vila
Parisi é um exemplo mundial de descaso e humilhação com o ser humano. O
clamor mundial começa com as doenças intimamente ligadas à miséria, a
pobreza, a falta de saneamento básico, a poluição. Ocorrem as primeiras
mortes neonatais por anencefalia, casos até hoje mal explicados. A
tragédia da Vila Parisi força a Prefeitura a tomar uma atitude, e
Passarelli transfere a população para um bairro planejado e construído às
margens da interligação Anchieta-Imigrantes, o Bolsão 8 que, em sintonia
com a eleição de Tancredo Neves, é batizado Jardim Nova República.
Mas as ações de Passarelli acabam desagradando o Governador Franco Montoro
(Passarelli fora nomeado por Paulo Maluf), que o exonera e nomeia, em 6 de
fevereiro de 1985, outro interventor: Nei Eduardo Serra, advogado ligado à
administração da COSIPA, que assume o governo em meio ao retorno a
autonomia municipal, que ocorre através da Emenda Constitucional n. 25, de
autoria do Deputado Gastone Righi. Em 15 de novembro, na primeira eleição
para Prefeito desde 1964, é eleito o antigo Interventor José Osvaldo
Passarelli.
Passarelli e Serra se alternam na Prefeitura entre 1985 e 2000 –
Passarelli foi eleito em 1986 e 1992; Serra foi eleito em 1988 e 1996. É
fato notório que ambos são adversários políticos, gerando disputas entre
seus pupilos – os dois nunca se enfrentaram diretamente numa eleição.
Em 1990, na corrente da nova Constituição de 1988, é aprovada a Lei
Orgânica do Município, elaborada pela Câmara Municipal, em vista das
particularidades da cidade.
Desde 1985, a Prefeitura e o Governo do estado vem trabalhando num projeto
de preservação ambiental, juntamente com a ONU. Cubatão se torna, na
década de 90, “exemplo mundial de recuperação ambiental”, com a volta de
um símbolo de sua fauna, o guará-vermelho. Em 1993, o Ministério Público
ordena o fechamento da Fábrica da Rhodia (do grupo francês Rhone-Poulauc),
em vista dos “lixões” tóxicos escavados em Cubatão, São Vicente e
Itanhaém. Começa a fase das privatizações: COSIPA e Eletropaulo (Usina
Henry Borden) são vendidas a consórcios.
Em 1998 é concluído o Plano Diretor do Município, que atualiza o Código de
Obras, abrindo espaço para novos empreendimentos imobiliários na cidade.
Desde o início da década, a crise econômica dos anos 80 vem cobrando um
alto custo financeiro: a arrecadação começa a cair. As crises financeiras
são agravadas pelas cobranças dos Precatórios de dívidas da Prefeitura,
oriundos em sua maior parte de desapropriações.
Em 2000, é eleito o médico mineiro Clermont Silveira Castor. Popular na
cidade, Castor derrota o então Prefeito Nei Serra, candidato à reeleição,
mas recebe uma Prefeitura imersa em dívidas e com graves problemas
administrativos, como licenças de funcionários não pagas, um Hospital
deficitário, um sistema de Previdência com sérios problemas de caixa.
Clermont tem um estilo popular de política, e não raro é visto andando nas
ruas com seu carro particular; num crime político ainda inexplicado, ele é
alvejado no início da noite de 1 de julho de 2001, quando voltava do
velório de um Secretário Municipal. Esse crime deixa a cidade em polvorosa
(os jornais regionais falavam em volta aos tempos da década de 60 e
relembravam as mortes de Dinho e Abel Tenório); em breve, ocorre um
ruidoso rompimento entre o Prefeito e seu Vice, Alberto de Souza.
Formação
Administrativa
Distrito criado com a
denominação de Cubatão, pela Lei Estadual n.º
1.871, de 26-10-1922, subordinado ao município
de Santos.
Em divisão
administrativa referente ao ano de 1933, o
distrito de Cubatão figura no município de
Santos.
Assim permanecendo no
quadro fixado para vigorar no período de
1939-1943.
Elevado à categoria de
município com a denominação de Cubatão, pela Lei
Estadual n.º 233, de 24-12-1948, desmembrado do
município de Santos. Sede no antigo distrito de
Cubatão. Constituído do distrito sede. Instalado
em 09-04-1949.
Em divisão territorial
datada de 1-VII-1960, o município é constituído
do distrito sede.
Assim permanecendo em
divisão territorial datada de 2009.
Referencias:
IBGE Wikipedia
Ache Tudo e Região |
Não
solte fogos,
eles causam câncer e atacam o
sistema neurológico e psicológico
das crianças, matam, maltratam e
adoece animais e humanos.
Não frequente zoológico, não compre
animais adote (1).
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Não estamos sozinhos,
é vital dividirmos espaço com outras criaturas ou
seremos também eliminados do planeta. Proteger
as árvores, os animais, rios e mares são dever
cívico de cada cidadão. Seremos
todos responsabilizados, pelo mal que estamos fazendo
a natureza. |
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Conheça
o
Ache
Tudo e Região
o portal
de todos Brasileiros. Cultive o hábito de ler, temos
diversidade de informações úteis
ao seu dispor. Seja bem
vindo, gostamos de
suas críticas e sugestões, elas nos ajudam a
melhorar a cada ano.
Copyright © 1999 [Ache Tudo e Região] Todos os direitos reservado. Revisado em: 22 janeiro, 2020. Melhor visualizado em 1280x800 pixel |
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