A história de Cajati tem sua origem na
segunda década do século XIX , com a chegada, no Porto de Cananéia, de
alguns jovens portugueses, dentre eles, Matias de Pontes. Na sua busca por
ouro, Matias mais um índio chamado Botujuru, foram desbravando e
explorando a mata adentro, por onde ninguém jamais havia passado.
Para
poderem caminhar, precisavam abrir muitas picadas, pois a mata era muito
densa e sua vegetação cruzava sobre o rio estreito e profundo, impedindo,
assim, a sua penetração. Daí surgiu a idéia de construírem uma canoa para
navegarem sobre o rio, que mais tarde se chamaria Canha. Logo descobriram
que esse rio mais parecia um ribeirão, pois desembocava em outro rio bem
maior e mais fundo. Ao subirem o rio, encontraram uma bela prainha, onde
surgiu a idéia de montar um acampamento. Durante uma noite turbulenta sob
um temporal, tiveram que abandonar o acampamento às pressas, dirigindo-se
para o alto (esse lugar é atualmente a Praça Matriz de Jacupiranga).
A aventura continuou e desta vez, pelo rio
adentro. Matias queria conhacer a região, porém Botujuru, ao contrair
maleita, veio a falecer, sendo o primeiro ser humano a ser enterrado no
lugar. Matias e outros apossaram-se de duas glebas de terra: o acampamento
e outra localizada rio acima, onde havia uma pequena cachoeira, que por
essa razão, passou a ser chamar Cachoeira (atualmente Cajati). Logo em
frente, estava a Serra do Guaraú.
Matias prosseguiu as investidas nas
proximidades do rio, colocando nomes nos lugares, sendo Cachoeira o seu
favorito. Para a canoa se deslocar, tiveram que abrir um canal em que
Matias residiu por mais de 50 anos.
Outros lugares foram denominados como:
Pouso Alto, pelo fato de dormirem numa árvore por medo das feras; Rio
Azeite, por encomtrarem uma enorme pedra, na qual um garrafão de azeite de
mamona foi quebrado e ao se referirem ao rio, vinha a lembrança do azeite
derramado; Lavras, pelo fato encontrarem vestígios de pessoas que lá
haviam passado e lavrado uma canoa (era o termo atribuído, quando se fazia
uma canoa trabalhando a madeira bruta).
Na década de trinta, o Brasil tinha grande
falta de cimento e fertilizantes e suas necessidades eram atendidas por
importação. A comprovação da existência de calcário e apatita nas rochas
de um vulcão extinto, feita pelo Dr. Theodoro Knecht, levou o Grupo Moinho
Santista, que naquela época fabricava apenas tecidos, a pedir autorização
ao governo brasileiro, para explorar o calcário das jazidas locais. Em
1938, foi-lhe concedido o direito de lavra (exploração) de calcário e
apatita no Morro da Mina, iniciando, no ano seguinte, as suas atividades.
Foi necessário construir uma estrada de
ferro, que levasse a apatita da mina, pela margem esquerda do Rio
Jacupiranga, à sede do Município. Numa segunda etapa, era transportada até
o Porto de Cubatão em Cananéia e, em seguida, levada em barcos até Santos,
para novamente por ferrovia, chegar à São Paulo.
Texto do Livro "Uma Vereda
no Vale" de Josepha P. Chiavell
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