A data do início do povoado propriamente
dito é a de 1853 quando o Comendador Gonçalves Morais mandou
construir uma ponte sobre o Rio Piraí, no mesmo local onde se acha
hoje a de cimento.
Na cabeceira da ponte, na margem esquerda o
comendador construíra uma casa e cobrava pela passagem de todo
veículo, pessoa ou animal que se utilizasse da ponte, para fazer a
travessia do rio.
Era uma ponte de madeira com telhas, que foi
reconstruída 2 vezes por causa de enchentes no Rio Piraí.
O comendador cobrava "sete vinténs" pela travessia, A ultima
reconstrução foi em 1882.
Nos dois períodos de interrupção de passagem pela ponte, a travessia
era feita no beco do Camarão, hoje local onde está a Ponte Nilo
Peçanha, através de uma barca de propriedade de Joaquim dos Santos.
Barra do Piraí era um cidade de Becos: Beco do Camarão, Beco do
Alexandre, Beco do Gil etc.Outras obras também foram executadas pelo Comendador e seu filho
José Gonçalves de Morais. O Comendador era grande proprietário não
só de terras em Barra do Piraí como em Vassouras.
O povoado cresceu pertencendo parte a Piraí a parte a Vassouras.
Os riquíssimos irmãos Faro, José Pereira da
Silva Faro e José Pereira de Faro - este Barão de rio Bonito -
possuíam as Fazendas Santana, Monte Alegre, São José e Aliança.
Ambos muito contribuíram para a formação do povoado de Sant' Ana,
com a primeiras casas que mandaram construir.
Sua influência e prestígio foram utilizados na corte para trazer a
rede ferroviária para a região.
Havia uma disputa com a também poderosa Família Teixeira Leite de
Vassouras que estava utilizando seu prestígio e das famílias Correia
e Castro, Avelar, Werneck e Furquim de Almeida, entre outras, junto
à Família Real, para que se construísse o ramal ferroviário via
Vassouras.
Os Faros tiveram o gosto dessa vitória que trouxe considerável
progresso a Barra do Piraí.
Novos estabelecimentos comerciais
apareceram e casas de café foram instaladas com as respectivas
matrizes no Rio de Janeiro. Casas como as de José Ferreira Cardoso,
Guerra & Ribeiro, Barbosa & Cia e outras que muito floresceram nesse
período.
Com o aumento da vinda de visitantes e comerciantes à cidade foi
construído um hotel junto a ponte com o nome "Hotel Piraí" de
propriedade de Francisco Ilhéu.
Em 1860 o Imperador inaugurou a estação de
Belém, em 1861 a estação dos Macacos. Mais tarde o Imperador veio
inspecionar pessoalmente o Túnel Grande e inaugurar a estação de
Rodeio.
Em 1864 foi inaugurado o tráfego regular entre Rodeio e Barra do
Piraí. Isso ocorreu com a chegada do primeiro trem de passageiros à
Estação de Ferro Central do Brasil - na época denominada Estrada de
Ferro D. Pedro II.
A viagem inaugural foi efetuada com a locomotiva Baronesa com a
presença da diretoria da estrada.
Barra do Piraí cresceu e se tornou o maior
centro comercial da região cafeeira, sendo ponto de escoamento de
toda a produção regional , que se estendia de Resende a Três Rios .
Em 1871 foi inaugurada a estação de Vargem Alegre em São Paulo ,
tornando possível as ligações da estrada também com Minas Gerais e
pela sua localização transformando Barra do Piraí no maior
entroncamento ferroviário da América do Sul.
Havia um comércio vigoroso com um movimento
intenso de tropas, carroças e carros puxados à bois, conduzindo todo
tipo de mercadorias e café das fazendas para a estação, com destino
à Corte e outros procedendo de cidades e povoados vizinhos
atravessando a ponte para continuarem seu caminho até Minas Gerais e
Goiás pelas estradas de rodagem.
Havia movimentação também de barcos que
navegavam pelo Rio Paraíba e Piraí fazendo transporte entre Resende
e Piraí.
Antes da construção do ramal ferroviário de São Paulo, o transporte
de café e outras mercadorias, era feito por uma empresa de barcos,
cuja navegação no Paraíba alcançava as localidades de Pinheiro,
Barra Mansa e as proximidades de Resende.
A Estrada D. Pedro II passa em 1865 a pertencer ao Governo Imperial.
Apesar de todo esse movimento e da
prosperidade decorrente do comércio, Barra do Piraí ainda continuava
a ser um povoado, não sendo nem distrito, nem curato e sendo
administrada por Piraí.
De 1865 a 1879 a cidade progrediu
significativamente. Com o aumento de construções civis os impostos
prediais pagos a Piraí foram aumentando.
Dessa forma os municípios vizinhos preferiam não facilitar a
emancipação do povoado.
Em 1881 foi concluída a Igreja de Sant'Ana cuja construção foi obra
do Barão de Rio Bonito. Próximo a nova igreja já havia existido uma
Capela de Sant'Ana, cuja pedra fundamental havia sido colocada com a
presença de D. Pedro II. Essa capela foi transformada depois em
residência.
O jardim que rodeia a igreja foi construído
mais tarde pelo Padre Benevides, através de subscrição e colaboração
da população local em 1884.
Além da Igreja nesse ano foi o do término da construção da Estrada
de Ferro Santa Isabel do Rio Preto, iniciada em 1877. Tinha a
extensão de 85 km e ligava Barra de Piraí a Santa Isabel, em
Valença.
Barra do Piraí era dividida em duas facções
políticas. Os que habitavam o lado esquerdo do Paraíba onde fica a
Igreja de Sant'Ana e os do lado direito que possuía a Capela de S.
Benedito.
A rivalidade entre os habitantes do lado de Sant'Ana e do de S.
Benedito muito prejudicou a evolução da cidade, além de atrapalhar
muitas comemorações e festas com ciúmes e pendengas.
A rivalidade só foi terminar por volta de 1910.
Em 1887 uma epidemia de varíola assola a
cidade com grande perdas para Barra do Piraí.
Em 19 de fevereiro de 1890 foi criado o município de Barra do Pirai
com o território constituído por áreas desmembradas de Pirai ,
Vassouras e Valença.
A emancipação foi recebida com grande alegria pela população que
saiu as ruas para festejar sua nova cidade.
Barra do Piraí foi o primeiro município criado pelo novo regime
republicano.
A República foi também recebida com
alegria, apesar de monarquistas mais exaltados começarem distúrbios
no Hotel da Estação. A polícia local resolveu o caso pedindo um
reforço de praças a um batalhão do exército que passava procedente
de Minas em direção ao Rio de Janeiro.
A população nessa época era de 4.000 habitantes.
Nos anos seguintes nova epidemia de febre amarela trouxe muitas
preocupações à cidade, cujas clínicas trabalhavam com afinco para
debelar o mal.
O início do abastecimento de água para a
cidade foi em 1895.
Apesar de um desastre ferroviário em 1900, que deixou alguns feridos
,a estrada de ferro funcionava a todo vapor.
A luz elétrica chegou em 1906. Até então a
iluminação era feita por lampiões a querosene. Estes eram colocados
suspensos em postes de ferro e tinham uma hora legal para serem
desligados.
A cidade possuía nessa época sua companhia
teatral amadora que realizava freqüentes espetáculos no teatro
local. Recebia também atores consagrados e companhias teatrais do
Rio de Janeiro.
A cidade foi calçada com paralelepípedos em 1912 com direito a uma
remodelação geral na área urbana.
A atividade cafeeira diminuiu com o passar
dos anos e as fazendas passaram paulatinamente da agricultura para a
pecuária.
O trem continuou a ser um ponto de ligação
importante entre aos municípios vizinhos e a capital, até os anos
50, quando por opção do governo estadual e federal, as estradas de
rodagem, passaram a ser desenvolvidas.
Muitas das linhas férreas que cruzavam Barra do Piraí foram
desativadas e perderam sua importância.