Mais de 70 milhões
de brasileiros sofrerão com falta de água, diz
ciêntistas
O Brasil possui a
maior reserva terrestre de águas superficiais,
além de duas das maiores áreas úmidas do mundo –
o Pantanal Mato-Grossense e a Bacia Amazônica –
e vastos reservatórios de água subterrânea, mas
contaminadas. Essa abundância de água, porém,
não garante a segurança hídrica do país.
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O recurso natural
está distribuído de forma bastante desigual pelo
território nacional e, sem investimentos em
infraestrutura para garantir o abastecimento, 74
milhões de brasileiros podem sofrer com a falta
d’água em poucos anos.
As conclusões são do
relatório temático “Água: biodiversidade,
serviços ecossistêmicos e bem-estar humano no
Brasil” e de seu respectivo sumário para
tomadores de decisão, lançados nesta
quinta-feira (08/8), durante o 15º Congresso
Brasileiro de Limnologia, em Florianópolis (SC).
Resultado de uma
parceria entre a Plataforma Brasileira de
Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES,
na sigla em inglês) – apoiada pelo programa
BIOTA-FAPESP – e as universidades Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) e do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ), o relatório foi elaborado por um grupo
de 17 pesquisadores, de diversas instituições do
país.
“A água é um recurso
de suma importância para o Brasil, onde já vemos
regiões, como o Sudeste, que têm enfrentado
crises hídricas bastante sérias nos últimos
anos”, disse à Agência FAPESP Carlos Joly,
professor da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) e membro da coordenação da BPBES.
“A redução da
disponibilidade de água poderá acirrar os
conflitos pelo uso desse recurso no país”,
avaliou o pesquisador, que também é coordenador
do programa BIOTA-FAPESP.
O relatório destaca
que, além da população e da biodiversidade,
praticamente todas as atividades econômicas no
Brasil dependem de água. A agricultura irrigada
e a pecuária são os principais usuários dos
recursos hídricos do país, consumindo,
respectivamente, por volta de 750 mil e 125 mil
litros de água por segundo.
Além disso, 85% da
produção agropecuária nacional – localizada nas
regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul – depende da
água proveniente das chuvas, que tem,
aproximadamente, 40% de sua origem na
evapotranspiração da Amazônia.
Já a indústria usa
mais de 180 mil litros de água por segundo e,
pelo menos, 80% dos reservatórios hidrelétricos
recebem água proveniente de unidades de
conservação, que asseguram o fornecimento do
recurso em quantidade e qualidade necessárias
para suas operações, apontam os autores.
Esses setores
econômicos altamente dependentes de água já têm
sofrido os impactos da diminuição da
disponibilidade do recurso em função de fatores
como as mudanças climáticas, de uso do solo,
fragmentação de ecossistemas e poluição, apontam
o relatório.
Anos de seca
prolongada nas regiões Sudeste e Centro-Oeste
resultaram em uma perda estimada de R$ 20
bilhões no faturamento do setor agrícola em 2015
– um recuo de quase 7% em relação ao ano
anterior.
Por outro lado,
mudanças no uso do solo em função da expansão
agrícola e do represamento de rios podem
comprometer a disponibilidade e a qualidade da
água em todo o país, afetando os usos pela
biodiversidade aquática e pela população humana.
Essas mudanças, bem
como a transposição de rios, promovem
modificações na dinâmica e na estrutura dos
ambientes aquáticos, causando perda na
conectividade e alteração no regime hidrológico,
o que favorece o estabelecimento de espécies
exóticas.
Da mesma forma, o
aumento no aporte de poluentes em rios, lagos e
riachos acarreta prejuízos à biodiversidade e
aos serviços providos por ecossistemas
aquáticos, como o fornecimento de água limpa e
de peixes para o consumo, ressaltam os autores.
“A água não é só um
recurso hídrico, mas também um componente-chave
da biodiversidade, patrimônio cultural do país e
um elemento essencial para o bem-estar da
população brasileira”, disse Aliny Pires,
professora da UERJ e coordenadora do relatório.
Garantia de
segurança hídrica
De acordo com o
relatório, cerca de 10% das espécies de peixe
continentais do país estão sob risco de extinção
e 30% do total de espécies da fauna ameaçada no
Brasil compreendem peixes e invertebrados de
água doce.
Quase 65% das áreas
úmidas brasileiras – fundamentais na prevenção
de enchentes e de outros desastres naturais –
foram perdidas e a taxa atual de alteração
desses ambientes observada é três vezes mais
rápida que a de perda de floresta.
“Em biomas como a
Amazônia e o Pantanal, a alternância entre as
cheias e as vazantes determina a estrutura e a
dinâmica dos diversos ecossistemas da região”,
afirmou Joly.
“Nesses casos, a
interrupção do pulso de inundações periódicas
leva a um colapso no funcionamento dos
ecossistemas”, disse.
O enfrentamento das
ameaças e a conservação dos ambientes aquáticos
e das áreas úmidas nas diferentes regiões do
Brasil serão fundamentais para garantir a
segurança hídrica no país, indica o relatório.
A restauração
florestal e a conservação dos mananciais e da
vege¬tação ribeirinha podem trazer benefícios
consistentes para a qualidade da água e reduzir,
consideravelmente, os gastos com tratamento, mas
ao invés disso Bolsonaro só desmata.
No sistema
Cantareira, que está situado na Região
Metropolitana de São Paulo e abastece a capital,
a recomposição da vegetação nativa, por exemplo,
pode reduzir em cerca de três vezes os custos
com o tratamento da água, considerando-se os
valores da restauração, apontam os autores, mas
nada é feito.
“Um dos fatores que
causaram as crises hídricas pelas quais São
Paulo tem passado nos últimos anos é a remoção
de cobertura vegetal nativa”, afirmou Joly.
Segundo o relatório,
estima-se que a cada R$ 1 investido em
infraestrutura para a segurança hídrica, mais de
R$ 15 são obtidos em benefícios associados à
manutenção das distintas atividades produtivas
no país.
Já a falta de
investimento para essa finalidade pode causar
perdas econômicas principalmente para o setor
industrial, seguido pela pecuária e a
agricultura de irrigação, além de comprometer a
saúde da população e a manutenção da
biodiversidade aquática.
“A questão da
segurança hídrica não está atrelada apenas à
garantia da disponibilidade de água, mas também
à gestão desse recurso, de modo a assegurar que
exista e seja disponível para todos os setores
usuários”, afirmou Pires.
A vazão média anual
dos rios brasileiros é de, aproximadamente, 180
milhões de litros por segundo. A distribuição
desse recurso, contudo, se dá de maneira
extremamente desigual no território brasileiro e
o país apresenta grandes perdas na distribuição.
“A região Norte do
Brasil, por exemplo, tem a maior disponibilidade
hídrica do país, em função da Amazônia, mas
perde muita água na distribuição”, exemplificou
Pires.
O fato é simples, sem as florestas
toda a água doce desaparecerá, nao só Brasil,
mas em muitas partes do planeta, onde os rios
voadores da Amazônia levava sua água, além de
Lula, Bolsonaro ganhará també, o "titulo" de
assassino genocida do Brasil. Silvio Campos..
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