Crise no PSL fez
Bebianno hoje morto, passar de aliado a desafeto
da família Bolsonaro
O advogado e
empresário Gustavo Bebianno, que morreu neste
sábado, 14, aos 56 anos em Teresópolis, passou
em pouco tempo de um ilustre desconhecido no
mundo político brasileiro para pivô da primeira
grande crise do governo de Jair Bolsonaro. O
ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência,
foi demitido do governo em fevereiro em 2019,
após vazamentos de áudios em meio ao escândalo
de candidaturas laranja no PSL, sigla que
presidiu. A queda foi marcada por uma briga com
o “zero dois”, o vereador Carlos Bolsonaro.
Depois da saída do governo, Bebianno não voltou
para o anonimato politico: passou a ser um dos
principais críticos do governo, se filiou ao
PSDB e era pré-candidato dos tucanos à
Prefeitura do Rio de Janeiro.
A história de Bebianno
com Bolsonaro começou em 2017, quando foi
apresentado para o então deputado. Bebianno se
ofereceu para defender Bolsonaro gratuitamente
em diversas causas e, daí, nasceu uma relação de
confiança. Bebianno virou presidente do PSL,
partido pelo qual o presidente concorreu ao
Planalto, no ano seguinte e era uma das figuras
mais próximas ao então candidato durante a
campanha.
Bebianno estava com
Bolsonaro durante a carreata em Juiz de Fora
(MG), em que o então candidato foi esfaqueado, e
esteve também na sala de cirurgia após o
atentado. A nomeação de Bebianno para o primeiro
escalão de Bolsonaro era dada como certa devido
a lealdade, mas o casamento durou pouco tempo.
Crise do ‘laranjal’
De nanico, o PSL
passou para o segundo maior detentor de cadeiras
na Câmara dos Deputados e, assim como Bolsonaro,
foi o grande vencedor do pleito de 2018. Mas,
loo no início do governo, um escândalo sobre
candidaturas laranjas rachou a sigla. O jornal
Folha de S. Paulo revelou um esquema de
candidaturas laranjas do PSL, partido de
Bolsonaro que foi presidido por Bebianno no ano
passado. Segundo a reportagem,
o ministro do Turismo,
Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), participou de
um esquema durante a campanha eleitoral do ano
anterior para se beneficiar de verbas públicas
destinadas ao cumprimento de cotas de gênero no
partido – pelo menos 30% do fundo partidário
deveria ser destinado às candidaturas de
mulheres. O ministro escolheu cinco candidatas,
que receberam montantes posteriormente
destinados a empresas dos assessores dele.
Bebianno, que presidia
o partido durante as eleições, foi colocado como
responsável pela liberação das verbas, o que foi
negado por ele. O então ministro tentou colocar
panos quentes em toda a situação, afirmando que
havia conversado com o presidente sobre a
situação. Neste momento, a rusga entre ele e
Carlos, um dos filhos do presidente, explodiu.
Carlos foi ao Twitter onde classificou como
“mentira absoluta” os diálogos entre o ministro
e o presidente com a explosão da crise. Mas,
áudios revelados por VEJA comprovam que Bebianno
e Bolsonaro conversaram sim sobre a crise.
Pouco tempo depois,
Bebianno caiu e disse que quem o demitiu foi
Carlos Bolsonaro. Em entrevista ano ano passado
as Páginas Amarelas de VEJA, Bebianno disse que
o filho do presidente fez a cabeça do pai na
ocasião. “Carlos se aproveitou daquela situação
para fazer a cabeça do pai e jogá-lo contra
mim. Ele sabe como manipular o pai, usando
teorias de conspiração sem fundamento algum. O
presidente está perdendo quase todos os seus
verdadeiros aliados por conta disso”.
Em dezembro do ano
passado, Bebianno se filiou ao PSDB a convite de
João Doria, governador de São Paulo. No começo
de março, os dois anunciaram a pré-candidatura
do ex-PSL à Prefeitura do Rio de Janeiro. Ainda
no começo de março, entrevistado pelo programa
Roda Viva, da TV Cultura, fez mais críticas a
Bolsonaro e admitiu preocupação com o governo
federal. “Temo por uma ruptura institucional”,
declarou na ocasião. “Ele praticamente não
trabalha pelo Brasil. O risco é esse, a começar
pelos filhos. AI- 5 para cá e para lá, críticas
infundadas a outros poderes”, disse.
Morre Gustavo
Bebianno, ex-secretário-geral da Presidência
O ex-secretário-geral
da Presidência, Gustavo Bebianno, morreu aos 56
anos na madrugada deste sábado, 14, em
Teresópolis, no Rio de Janeiro. A informação é
do presidente estadual do PSDB Paulo Marinho.
Segundo ele, Bebianno estava em um sítio com seu
filho quando se sentiu mal, por volta das 4h. O
tucano ainda disse que teria sido um 'infarto
fulminante'.
Bebianno foi levado
para um hospital da cidade, onde morreu. O
tucano foi coordenador da campanha de Jair
Bolsonaro em 2018, após descoberto laranjal de
Bolsonaro, Bebianno virou desafeto, policia
investiga se pode ser a continuação de "queima
de arquivo".
(MSN) |
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