As 10 florestas mais ameaçadas do
mundo
Um estudo divulgado na quarta-feira, dia 2 de fevereiro,
pela Conservação Internacional, uma organização privada,
sem fins lucrativos, dedicada à conservação e utilização
sustentada da biodiversidade, listou as 10 florestas
mais ameaçadas do mundo. São regiões, chamadas de "hotspots
de biodiversidade", áreas de extrema riqueza biológica,
com alto índice de espécies endêmicas (que só são
encontradas naquela região) sob risco de extinção ou
altamente degradadas.
No caso dos 10 hotspots florestais mais críticos, todos
perderam já 90% ou mais da cobertura original e abrigam
pelo menos 1,5 mil espécies de plantas endêmicas. E
também estas regiões armazenam mais de 25 gigatons de
carbono, o que abranda os efeitos da mudança climática.
A Terra é coberta por apenas 30% de área florestal, que
abriga 80% da biodiversidade terrestre mundial. Cerca de
1,6 bilhão, também garantem seu sustento através das
florestas, dado estimado pela Conservação Internacional.
Outro adendo importante é que a área florestal é o mais
importante reservatório de água doce do planeta.
1º lugar: Regiões da Indo-Birmânia (Ásia-Pacífico)
Os rios e pântanos desse hotspot são extremamente
importantes para a conservação de aves, tartarugas e
peixes de água doce, incluindo alguns dos maiores peixes
de água doce do mundo. Os ecossistemas aquáticos estão
sob intensa pressão de fatores de destruição em muitas
áreas da Indo-Birmânia (região que compreende Mianmar,
Camboja, Vietnã, Tailândia, Laos, um pedaço da China e
da Índia), como a destruição de áreas alagáveis de
planícies aluviais de água doce pelo cultivo de arroz e
rios sendo represados para gerar eletricidade. Hoje
subsistem apenas 5% do hábitat original.
foto: Conservation International/Sitha Som
2º lugar: Nova Zelândia (Oceania)
Um arquipélago montanhoso uma vez dominado pelas
florestas temperadas, a Nova Zelândia é uma terra de
paisagens variadas e abriga extraordinários índices de
espécies endêmicas, incluindo seu representante mais
famoso, o kiwi. Nenhum de seus mamíferos, anfíbios ou
répteis é encontrado em outro lugar do mundo. Com o
impacto da vinda dos europeus, trazendo centenas de
espécies de ervas daninhas invasoras, somado ao da caça
e da destruição de habitats, há apenas 5% do hábitat
original do arquipélago.
3º lugar: Florestas de Sunda, na
Indonésia, Malásia e Brunei (Ásia-Pacífico)
O hotspot de Sunda cobre a metade ocidental do
arquipélago Indo-Maláio, um arco de cerca de 17 mil
ilhas equatoriais, dominado pelas duas maiores ilhas do
mundo: Boréo e Sumatra. Suas espetaculares flora e fauna
estão sucumbindo devido ao crescimento explosivo da
indústria florestal e do comércio internacional de
animais que consome tigres, macacos e espécies de
tartarugas para alimentos e remédios em outros países.
Populações de orangotangos, encontradas apenas nessas
florestas, estão em dramático declínio. Hoje, apenas
cerca de 7% da extensão original da floresta permanecem
mais ou menos intactos.
foto: Conservation International/Haroldo Castro
4º lugar: Filipinas (Ásia-Pacífico)
Mais de 7.100 ilhas estão dentro das fronteiras do
hotspot das Filipinas, identificado como um dos países
mais ricos em biodiversidade do mundo. Diversas espécies
endêmicas estão confinadas a fragmentos de florestas que
cobrem apenas 7% da extensão original do hotspot. Isso
inclui cerca de 6 mil espécies de plantas e diversas
espécies de aves tais como a águia das Filipinas (Pithecophaga
jefferyi), a segunda maior águia do mundo. As florestas
filipinas são também uma das áreas em maior perigo de
destruição. Historicamente devastadas pela atividade
madeireira, os hoje poucos remanescentes estão sendo
dizimados pela agricultura e para acomodar as
necessidades da alta taxa de crescimento populacional e
severa pobreza rural do país. O sustento de cerca de 80
milhões de pessoas depende principalmente de recursos
naturais provenientes das florestas.
foto: Langrand Olivier
5º lugar: Mata Atlântica (América do Sul)
A Mata Atlântica se estende por toda a costa atlântica
brasileira, alongando-se para partes do Paraguai,
Argentina e Uruguai, incluindo também ilhas oceânicas e
o arquipélago de Fernando de Noronha. A Mata Atlântica
abriga 20 mil espécies de plantas, sendo 40% delas
endêmicas, ou seja, restritas a essa região. Ainda
assim, menos de 10% da floresta permanece de pé. Mais de
duas dúzias de espécies de vertebrados ameaçadas de
extinção – listadas na categoria “Criticamente em
Perigo” - estão lutando para sobreviver na região,
incluindo micos-leões-dourados e seis espécies de aves
que habitam uma pequena faixa da floresta no Nordeste.
Começando com o ciclo da cana-de-açúcar, seguido das
plantações de café, a região vem sendo desmatada há
centenas de anos. Agora, a Mata Atlântica está
enfrentando pressão por conta da crescente urbanização e
industrialização do Rio de Janeiro e São Paulo. Mais de
100 milhões de pessoas, além da indústria têxtil,
agricultura, fazendas de gado e atividade madeireira da
região dependem do suprimento de água doce desse
remanescente florestal.
A foto mostra Foz do Iguaçu, município brasileiro
localizado no extremo oeste do Estado do Paraná.
foto: Conservation International/John Martin
6º lugar: Montanhas do sudoeste da China
(Ásia)
As Montanhas do Centro-Sul da China apresentam uma ampla
gama de habitats incluindo a flora temperada com a maior
taxa de endemismo no mundo. O ameaçado panda gigante (Ailuropoda
melanoleuca), que pode chegar a até 1,80 m de altura e é
quase totalmente restrito a essas pequenas florestas, é
a bandeira da conservação da região. Essas montanhas
também alimentam a maioria dos sistemas hídricos da
Ásia, incluindo diversas ramificações do rio Yangtze. O
Rio Mekong corta a província de Yunnan e o Laos, o
Camboja e o Vietnã em seu curso até o mar do sul da
China. O Nujiang atinge o Oceano Índico pela província
de Yunnan e Burma. As atividades ilegais de caça, coleta
de lenha e pastagem são algumas das principais ameaças à
biodiversidade da região (que inclui o panda vermelho,
na foto). A construção de barragens está sendo planejada
em todos os rios principais da floresta, o que deve
afetar os ecossistemas e a subsistência de milhões de
pessoas. Ao todo, apenas cerca de 8% da extensão
original do hotspot permanecem em condições inalteradas.
foto: Conservation International/Piotr Naskrecki
7º lugar: Província Florística da
Califórnia (América do Norte)
A Província Florística da Califórnia é uma zona de clima
do tipo mediterrâneo, que possui altos índices de
plantas endêmicas. É o lar da sequoia gigante, o maior
organismo vivo do planeta (pode viver por mais de mil
anos), e alguns dos últimos condores da Califórnia, a
maior ave da América do Norte. É o local de maior
reprodução de aves dos Estados Unidos. Diversas espécies
de grandes mamíferos antes encontrados nesse local estão
extintas, incluindo o urso cinzento (Ursus arctos), que
aparece na bandeira da Califórnia e tem sido símbolo do
Estado há mais de 150 anos. A vasta destruição causada
pela agricultura comercial é uma grande ameaça para a
região, que gera metade de todos os produtos agrícolas
utilizados pelos consumidores dos EUA. O hotspot é
também fortemente ameaçado pela expansão de áreas
urbanas, poluição e construção de estradas, o que tornou
a Califórnia um dos quatro estados mais ambientalmente
degradados do país. Hoje, apenas cerca de 10% da
vegetação original permanecem mais ou menos intacta.
foto: Crosse William
8º lugar: Florestas Costeiras da África
Oriental (África)
Apesar de pequenos e fragmentados, os remanescentes que
formam as Florestas Costeiras da África Oriental contêm
níveis extraordinários de biodiversidade. As 40 mil
variedades cultivadas da violeta africana, que formam a
base de um comércio global de folhagens que movimenta
US$ 100 milhões anualmente, são todas derivadas de um
punhado de espécies encontradas nas florestas costeiras
da Tanzânia e do Quênia. Os primatas são
espécies-símbolo da região, como o Colubus Vermelho de
Zanzibar, que é uma atração turística importante. A
expansão agrícola continua sendo a maior ameaça para as
Florestas Costeiras da África Oriental. Devido à pobre
qualidade do solo e a uma tendência de crescimento
populacional, a agricultura de subsistência, assim como
as fazendas comerciais, continua a consumir mais e mais
dos recursos naturais da região, com apenas 10% restante
das florestas originais.
foto: Robin Moore/iLCP
9º lugar: Madagascar e ilhas do Oceano
Índico
Este hotspot é um exemplo vivo da evolução de espécies
em isolamento. Apesar da proximidade com a África, as
ilhas não compartilham quaisquer dos grupos típicos de
animais do continente vizinho. Ao invés disso, elas
contêm uma exuberante coleção única de espécies, com
altos níveis de endemismo. Madagascar e o grupo de ilhas
vizinhas possuem um total impressionante de oito
famílias de plantas, quatro famílias de aves e cinco
famílias de primatas que não existem em nenhum outro
lugar da Terra. As mais de 50 espécies de lêmures de
Madagascar são os carismáticos embaixadores para a
conservação da ilha, embora diversas espécies já tenham
entrado em extinção. Em uma área que é das mais
prejudicadas economicamente no mundo, a alta taxa de
crescimento populacional está colocando uma enorme
pressão sobre o ambiente natural. A agricultura, a caça
e a extração não sustentável de madeira, além da
mineração em grande e pequena escalas, são ameaças
crescentes. Estima-se que restam apenas 10% do habitat
original.
foto: Cristina Mittermeier/iLCP
10º lugar: Florestas de Afromontane
As montanhas do hotspot de Afromontane Oriental são
dispersas ao longo da extremidade oriental da África,
desde a Arábia Saudita ao norte até o Zimbábue ao sul.
Embora geograficamente dispersas, as montanhas que
compreendem a região possuem flora extraordinariamente
similar. O Vale do Rift abriga mais mamíferos, aves e
anfíbios endêmicos do que qualquer outra região da
África. O evento geográfico que criou as montanhas desse
hotspot também gerou alguns dos mais extraordinários
lagos do mundo. Devido aos grandes lagos, um grande
montante de diversidade de peixes de água doce pode ser
encontrado na região, que é o hábitat de 617 espécies
endêmicas. Assim como na maioria das áreas tropicais, a
principal ameaça a essas florestas é a expansão da
agricultura, especialmente com grandes plantações de
banana, feijão e chá. Outra ameaça relativamente nova,
que coincide com o aumento da população, é o crescente
mercado de carne. Hoje, apenas 11% de seu hábitat
original permanecem intacto.
foto: Robin Moore/iLCP
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