Isabel Cristina Leopoldina
Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança
e Bourbon, [a](Rio de Janeiro, 29 de julho de 1846 —
Eu, França, 14 de novembro de 1921), popularmente
conhecida como princesa Isabel, foi a última
princesa imperial e regente do Império do Brasil por
três ocasiões, na qualidade de herdeira de seu pai,
o imperador Dom Pedro II, e da imperatriz Dona
Teresa Cristina. Foi a terceira chefe de Estado e
chefe de governo brasileira após sua avó Leopoldina
e sua trisavó Maria I.
Princesa Isabel
Princesa Imperial do Brasil
Condessa d'Eu
Princesa Imperial do Brasil
Período 9 de janeiro de 1850 a
5 de dezembro de 1891
Predecessor D. Pedro Afonso
Sucessor Nenhum (Proclamação da República)
Cônjuge Gastão de Orléans
Descendência
Luísa Vitória
Pedro de Alcântara
Luís Maria
Antônio Gastão
Nome completo
Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela
Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e
Bourbon
Casa Bragança
Pai Pedro II do Brasil
Mãe Teresa Cristina
Nascimento 29 de julho de 1846
Palácio de São Cristóvão, Rio de Janeiro,
Império do Brasil
Morte 14 de novembro de 1921 (75 anos)
Eu, França
Enterro Mausoléu Imperial, Petrópolis
|
|
Assinatura |
Foi
cognominada a Redentora, pois quando regente do
Império brasileiro assinou a Lei Áurea que
aboliu a escravidão no Brasil. Assim como,
inclusivamente, escreveu que defendia a
indenização de ex-escravos, a reforma agrária e
o sufrágio feminino1 .
Após seu casamento com Gastão de Orléans, conde
d'Eu (neto do último rei da França, Luís Filipe
I), em 1864, ocorreu uma junção matrimonial
entre a Casa de Bragança e a de Orléans,
originando o nome Orléans e Bragança, que foi
passado, exclusivamente, aos descendentes do
casal. Também, por a mesma ter sido a última
herdeira do trono imperial brasileiro, os seus
descendentes - os Orléans e Bragança - seriam os
herdeiros da extinta coroa imperial do Brasil.
A princesa Isabel foi também a primeira senadora
do Brasil, cargo a que tinha direito como
herdeira do trono a partir dos 25 anos de idade
conforme a Constituição de 1824, primeira carta
constitucional do Brasil. Com a morte de seu
pai, em 1891, tornou-se a chefe da Casa Imperial
e a primeira na linha sucessória, sendo
considerada, de jure, Sua Majestade Imperial,
Dona Isabel I, Imperatriz Constitucional e
Defensora Perpétua do Brasil.
Dona Isabel I nasceu no Palácio de São
Cristóvão, e foi a primeira filha do imperador
D. Pedro II.
Batizada na Capela Imperial no dia 15 de
novembro de [1846 pelo bispo capelão-mor conde
de Irajá, seu nome foi dado em homenagem à avó
materna, a rainha de Nápoles. Seus padrinhos de
batismo foram o rei consorte Fernando II de
Portugal e sua avó materna a rainha Isabel de
Nápoles. Com a morte precoce de seu irmão D.
Afonso, Isabel tornou-se a herdeira do
imperador. Neste mesmo ano de 1847 nasceria em
13 de julho a sua irmã e companheira de toda a
juventude, a princesa Leopoldina.
Em 1848, nasceu o seu segundo irmão varão, o
príncipe Pedro Afonso, que morreu dois anos
depois. Para herdar o trono restava a princesa
de quatro anos de idade, designada a partir de
então como princesa imperial. O reconhecimento
oficial como sucessora e herdeira do pai teve
lugar a 10 de agosto de 1850, quando a
Assembleia-Geral, reunida no Paço do Senado às
11 horas da manhã, proclamou-a herdeira do
trono, de acordo com os artigos 116 e 117 da
Constituição do Império.
A 29 de julho de 1860, completava Dona Isabel 14
anos e, de acordo com o artigo 106 da
Constituição Imperial, deveria prestar o
juramento de "manter a religião católica
apostólica romana, observar a constituição
política da nação brasileira e ser obediente às
leis e ao imperador."
A fim de prepará-la para seu papel, começou o
imperador Pedro II a preocupar-se com a formação
da futura imperatriz. Desde cedo, porém, o Dom
Pedro iniciou entendimentos para dar às filhas
uma preceptora. Por indicação da tia das
princesas, Francisca de Bragança, a escolhida
foi a condessa de Barral, que pode ser
considerada o grande amor de Dom Pedro II.2 A
condessa iniciou suas funções em setembro de
1855.
Para a educação de Isabel e da sua irmã
numerosos mestres foram designados, que
elaboraram um severo programa de estudos. Seu
pai comentara que
"o caráter de qualquer das princesas deve ser
formado tal como convém a senhoras que poderão
ter que dirigir o governo constitucional de um
império como o Brasil. A instrução não deve
diferir da que se dá aos homens, combinada com a
do outro Patologia: mas de modo que não sofra a
primeira. Convirá conformar-se, quando for de
proveito, aos regulamentos da instrução pública
primária e secundária. Poderá impor castigos, e
quando forem leves, sem meu conhecimento prévio,
devendo minhas filhas não saber ilegível que o
tenho, quando isto não for conveniente, sendo o
maior deles a reclusão em um dos quartos dos
respectivos aposentos, assim como
representar-nos, mesmo perante nossas filhas,
sobre a justiça da concessão de algum prêmio.
Mas, apesar de todo este rigor, sua infância
teve muitos momentos de descontração, ao lado da
irmã Leopoldina. Em seu diário ela diz:
"Petrópolis, residência de verão, residência
deliciosa: jardins floridos, canais cortando a
cidade... " ou mais adiante: "Eu fui de
Petrópolis a pé até a cascata de Tamarati. A
mana andou tão pouco a cavalo."
A proximidade da princesa com os negros, desde a
mais tenra infância, e o diálogo franco e
cordial com eles estabelecido, inclusive nas
brincadeiras infantis, pode vir a explicar sua
futura inserção no movimento abolicionista. A
questão ainda não foi convenientemente estudada
pela historiografia brasileira.
Seu pai a deu o mesmo ritmo de estudos que
recebera, o estudo das ciências ocupou um papel
primordial na educação de Isabel. O ensino das
princesas dirigido pelo imperador refletia sua
visão de uma educação universal com forte teor
científico como essencial para um governante. O
conteúdo do currículo seguido por Isabel
contrasta fortemente com a educação dada à
maioria das mulheres brasileiras da época,
inclusive aquelas de origem abastada.
As aulas ocorriam em seis dias da semana, nove
horas e meia cada, com o ensino de português,
latim, francês, inglês, alemão, história de
Portugal, França, Inglaterra e outros países,
literatura portuguesa e francesa, geografia,
geologia, astronomia, química, física, geometria
e aritmética, desenho, piano e dança, economia
política e outros.
Mary Del Priore, afirma que apesar do vasto
conteúdo dado, a apreensão das matérias nem
sempre eram as melhores, que "suas leituras eram
censuradas pelo pai e pelo marido," com foco em
conhecimentos sobre a vida doméstica.4 5 Isabel
nutria profundo interesse pelas questões ligadas
ao desenvolvimento da educação no país,
especialmente a educação pública, como fica
patente em sua fala do trono, enquanto Regente
do Império, em 1º de fevereiro de 1877:
"A instrução pública continua a merecer do
governo a maior solicitude. Foram criadas no
município da corte escolas de segundo grau, e as
normais, destinadas a preparar professores para
o ensino primário de ambos os Patologias, terão de
ser brevemente inauguradas. Nas províncias este
ramo de serviço apresenta sensível progresso,
limitado, porém pela falta de meios de que podem
dispor. Se os melhoramentos materiais por elas
empreendidas têm recebido vosso auxílio,
justificada será qualquer despesa que autorizeis
para coadjuvar esse grande elemento de
civilização.
Os preparativos para seu casamento arranjado
foram iniciados na década de 1860. Por indicação
de sua tia, Francisca de Bragança (filha de
Pedro I), princesa de Joinville na França,
vieram ao Brasil dois primos, os príncipes
Gastão de Orléans, conde d'Eu e Luís Augusto de
Saxe-Coburgo-Gota, sobrinhos-netos do rei
Leopoldo I da Bélgica, sobrinhos de Fernando II
de Portugal, além de primos de segundo grau da
rainha Vitória do Reino Unido. A Gastão de
Orléans coube a princesa Isabel, enquanto o
primo recebeu a princesa Leopoldina. Em carta à
irmã, Gastão descreveu sua prometida:
"Para que não te surpreendas ao conhecer minha
Isabel, aviso-te que ela nada tem de bonito; tem
sobretudo uma característica que me chamou a
atenção. É que lhe faltam completamente as
sobrancelhas. Mas o conjunto de seu porte e de
sua pessoa é gracioso".
O casamento teve lugar na Capela Imperial, no
Rio de Janeiro, a 15 de outubro de 1864. No
mesmo dia os noivos partiram para a lua de mel
em Petrópolis, e em 10 de janeiro de 1865
seguiram para a Europa, onde a princesa conheceu
os sogros. Gastão, batizado Louis Philippe Marie
Ferdinand Gaston, nascera em 1842 e morreu em
1922 em águas brasileiras, a bordo do navio
Massilia.
Era não só conde d´Eu como príncipe de
Bourbon-Orléans, sendo feito depois marechal do
exército brasileiro. Era filho de Louis Raphael,
Duque de Nemours, logo, neto do rei francês Luís
Filipe I. Gastão assumiria o comando das tropas
brasileiras na fase final da Guerra do Paraguai,
razão de preocupação para Dona Isabel, e fato
que provocou muita oposição em diversos
círculos, pois nem sempre foram sábias as
decisões militares tomadas.
Finda a guerra o casal fez nova viagem à Europa,
para visitar Leopoldina, doente. Leopoldina
morreu de tifo[desambiguação necessária] em 7 de
fevereiro de 1871. No mesmo ano D. Pedro II fez
sua primeira viagem à Europa e Dona Isabel
assumiu a regência, aos 24 anos. Neste período
foi assinada a 28 de setembro a Lei do Ventre
Livre.
As referências históricas indicam que o casal
era apaixonado e fiel. No entanto, a ausência de
filhos era causa de grande preocupação. Dez anos
após o casamento, em viagem à Europa, Isabel
engravidou. Como o contrato pré-nupcial
determinava que o herdeiro nascesse em terras
brasileiras, tiveram de voltar.
Todo esforço, porém, seria em vão: a criança,
uma menina, morreu no útero. Para salvar a mãe
teve-se que quebrar os ossos do feto e
removê-lo. Esse trágico episódio distanciaria
Isabel de seu pai, a quem ela culpou pela viagem
de volta ao Brasil; ela ainda passou a
apresentar traços cada vez mais exacerbados de
sua carolice, ligando-se cada vez mais à família
e à religião.
Finalmente, em 15 de outubro de 1875, quando
comemoravam onze anos de casados, nasceu em
Petrópolis o príncipe Pedro de Alcântara.
Segundo Victor Villon:
"A gravidez foi cheia de cuidados, o parto muito
difícil e, no meio da aflição de todos, o Dr.
Depaul, médico francês que viera especialmente
para a ocasião, distorceu o braço da criança.
Esse acidente deixaria seqüelas; Dom Pedro
d´Alcântara ficaria com braço atrofiado para o
resto da vida.
Em 26 de janeiro de 1878 nasceu o segundo filho
Luís Maria. No mesmo ano o casal foi residir na
França. Em 9 de agosto de 1881 lá nasceu o
terceiro e último filho, Antônio Gastão. No
mesmo ano a família voltaria a viver no Brasil.
Liberal, a princesa uniu-se aos partidários da
abolição da escravidão. Apoiou jovens políticos
e artistas, embora muitos dos chamados
abolicionistas estivessem aliados ao incipiente
movimento republicano. Financiava a alforria de
ex-escravos com seu próprio dinheiro e apoiava a
comunidade do Quilombo do Leblon, que cultivava
camélias brancas, símbolo do abolicionismo.
Chegava mesmo a receber fugitivos em sua
residência em Petrópolis:
"A Princesa Isabel também protegia fugitivos em
Petrópolis. Temos sobre isso o testemunho
insuspeito do grande abolicionista André
Rebouças, que tudo registrava em sua caderneta
implacável. Só assim podemos saber hoje, com
dados precisos, que no dia 4 de maio de 1888,
“almoçaram no Palácio Imperial 14 africanos
fugidos das Fazendas circunvizinhas de
Petrópolis”. E mais: todo o esquema de promoção
de fugas e alojamento de escravos foi montado
pela própria Princesa Isabel. André Rebouças
sabia de tudo porque estava comprometido com o
esquema.
O proprietário do Hotel Bragança, onde André
Rebouças se hospedava, também estava
comprometido até o pescoço, chegando a esconder
30 fugitivos em sua fazenda, nos arredores da
cidade. O advogado Marcos Fioravanti era outro
envolvido, sendo uma espécie de coordenador
geral das fugas. Não faltava ao esquema nem
mesmo o apoio de importantes damas da corte,
como Madame Avelar e Cecília, condessa da
Estrela, companheiras fiéis de Isabel e também
abolicionistas da gema. Às vésperas da Abolição
final, conforme anotou Rebouças, já subiam a
mais de mil os fugitivos “acolhidos” e
“hospedados” sob os auspícios de Dona Isabel.
Conforme o artigo 46, capítulo 3, título IV, da
constituição brasileira de 1824, os Principes da
Casa Imperial são Senadores por Direito, e terão
assento no Senado, logo que chegarem á idade de
vinte e cinco annos. Dessa forma, em 1871, D.
Isabel Leopoldina tornou-se a primeira senadora
do Brasil (a primeira senadora brasileira eleita
foi Eunice Mafalda Berger Michiles). Há que se
notar que foi a única a desfrutar desse
dispositivo constitucional, haja vista que todos
os príncipes do Brasil que a antecederam ou
morreram antes dos vinte e cinco anos, ou se
casaram com estrangeiros e partiram do país, à
exceção de seu pai, que assumiu o trono aos
quatorze anos de idade. Depois dela, a ordem
constitucional do império caiu antes que os
príncipes porvir pudessem tornar-se senadores.
"Isabel Cristina comemorou seu aniversário de 39
anos, em 1885, com uma solenidade no Paço
Municipal da capital, o Rio de Janeiro. Sentada,
tendo a seu lado o marido, foi a estrela da
cerimônia em que diversos escravos foram
alforriados.Conforme os nomes dos beneficiados
eram anunciados pelo vice-presidente da Câmara,
João Florentino Meira de Vasconcellos, eles
seguiam para receber seus certificados de
libertação das mãos de Isabel. Cada ex-escravo
curvava-se e, em sinal de respeito e gratidão,
dava um beijo na mão da aniversariante. A
relação de afeto entre a mulher e os negros
começava a ser demonstrada publicamente.
Em 30 de junho de 1887, assumiu a regência do
império pela terceira vez, pois seu pai fora
obrigado a afastar-se para tratamento de saúde
na Europa. A abolição provocava grande oposição
entre os fazendeiros escravocratas. Poderosos,
esses escravocratas infundiram na opinião
pública, através do parlamento e da imprensa, a
ideia de que a abolição da escravidão seria a
bancarrota econômica do império, pois as
prósperas fazendas de café e açúcar do Brasil de
então eram todas elas, regadas com o suor do
escravo.
O negro era contado, medido e pesado e os
juristas dos escravocratas criaram a tese
jurídica de que o escravo era "propriedade" do
senhor de engenho e, portanto, estavam sob
amparo da constituição, que garantia o "direito
de propriedade". Eram tensas as relações entre a
regente e o gabinete ministerial conservador. A
princesa aliava-se ao movimento popular,
enquanto o Barão de Cotegipe defendia a
manutenção da escravidão.
Aproveitando-se da oportunidade oferecida por um
incidente de rua, Isabel demitiu o ministério e
nomeou o conselheiro João Alfredo, demonstrando
determinação política e convicção do que
considerava o melhor para o País, pois o Brasil
foi a última Nação do ocidente a abolir a
escravidão.
Na "Fala do Trono", de 1888, Isabel dissera com
o coração jubiloso: "confio em que não hesitarei
de apagar do direito pátrio a única exceção que
nele figura..." O Conde D"Eu, marido de Isabel,
ainda lhe advertiu: "não assine, Isabel, pode
ser o fim da Monarquia." Mas a princesa estava
determinada e respondeu prontamente ao marido:
"É agora, ou nunca!" Afinal, a escravidão, que
tanto envergonhara a raça humana no Brasil, já
durava, em 1888, três séculos, vitimando 12
milhões de negros africanos. Estava aberto o
caminho para a liberdade dos escravos no
império.
Em 13 de maio de 1888, num domingo, aconteceram
as últimas votações de um projeto de abolição
total. Certa da vitória, a regente desceu de
Petrópolis, cidade serrana, para aguardar no
Paço Imperial o momento de assinar a Lei Áurea.
Usou uma pena de ouro especialmente
confeccionada para a ocasião, recebendo a
aclamação do povo do Rio de Janeiro.
O Jornal da Tarde, de 15 de maio de 1888,
noticiou que "o povo que se aglomerava em frente
do Paço, ao saber que já estava sancionada a
grande Lei, chamou Sua Alteza, que aparecendo à
janela, foi saudada por estrepitosos vivas." As
galerias do Paço estavam repletas, e sob vivas e
aplausos de uma multidão estimada em 10 mil
pessoas, Isabel sancionou a Lei aprovada pelo
parlamento do império.
O jornalista mulato José do Patrocínio, aliado
da Coroa, invadiu o recinto sem que ninguém
conseguisse detê-lo e atirou-se aos pés da
Princesa Regente em prantos de gratidão. Isabel
dava provas, de que seu reino era, sim, deste
mundo, contrariando a ironia do conselheiro
Saraiva que afirmara justamente o contrário,
zombando do sentimento profundamente cristão de
Isabel . A história há de fazer sempre justiça à
"Princesa Redentora", título que lhe atribuiu
José do Patrocínio, pois ela demonstrou no
processo abolicionista firmeza, coragem e,
sobretudo, nobre desapego ao cargo, o qual - lhe
preveniram - haveria de ser dela tomado pela
reação inevitável dos altos e egoísticos
interesses escravocratas contrariados, tudo
conforme relata o livro "Dom Pedro II e a
Princesa Isabel", da Editora Lorenz, onde consta
memorável testemunho do nobre abolicionista
Joaquim Nabuco: " No dia em que a princesa
imperial se decidiu ao seu grande golpe de
humanidade, sabia tudo o que arriscava.
A raça que ia libertar não tinha para lhe dar
senão o seu sangue, e ela não o queria nunca
para cimentar o trono de seu filho. A classe
proprietária ameaçava passar-se toda para a
República, seu pai parecia estar moribundo em
Milão, era provável a mudança de reino durante a
crise , e ela não hesitou: uma voz interior
disse-lhe que um grande dever tem que ser
cumprido, ou um grande sacrifício que ser
aceito. Se a monarquia pudesse sobreviver à
abolição, esta seria o apanágio. Se sucumbisse,
seria o seu testamento..."
Em 28 de setembro o papa Leão XIII lhe remeteu a
comenda da Rosa de Ouro, como reconhecimento
pela Abolição da Escravatura. Essa comenda
pontifícia simboliza o reconhecimento do papa a
algum feito notável e que mereça regozijo de
toda a Igreja. A princesa Isabel foi a única
personalidade brasileira a receber a Rosa de
Ouro. Ou outros dois exemplares foram dedicados
à Basílica de Nossa Senhora Aparecida pelos
papas Paulo VI (1965) e Bento XVI (2007).
Mas a elite cafeeira não aceitava a abolição.
Cotegipe, ao cumprimentar a princesa, vaticinou:
"Vossa Alteza libertou uma raça, mas perdeu o
trono". Mas a princesa não hesitou em responder:
"Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para
libertar os escravos do Brasil"
De pensamento arrojado, Dona Isabel era
partidária de algumas ideias modernas para sua
época, como o sufrágio feminino e a reforma
agrária. Documentos recentemente descobertos
revelam que a princesa estudou indenizar os
ex-escravos com recursos do Banco Mauá.
A república e o exílio
Em 9 de novembro de 1889, poucos dias antes da
proclamação da república no Brasil, a família
imperial compareceu ao Baile da Ilha Fiscal, o
último da monarquia:
"Dançou-se muito no baile da Ilha Fiscal, mas o
que os convidados não imaginavam, nem o
imperador D. Pedro II, é que se dançava sobre um
vulcão. À mesma hora em que se acendiam as luzes
do palacete para receber os milhares de
convidados engalanados, os republicanos
reuniam-se no Clube Militar, presididos pelo
tenente-coronel Benjamin Constant, para maquinar
a queda do Império.
"Mais do que nunca, preciso sejam-me dados
plenos poderes para tirar a classe militar de um
estado de coisas incompatível com sua honra e
sua dignidade", discursou Constant na ocasião,
tendo como alvo justamente o Visconde de Ouro
Preto. Longe dali, ao lado da família imperial,
o visconde desmanchava-se em sorrisos ao
comandar seu suntuoso festim. A família imperial
chegou ao cais pouco antes das 10 horas. D.
Pedro II, fardado de almirante, a imperatriz
Teresa Cristina e o príncipe D. Pedro Augusto
embarcaram primeiro.
O juramento |
Quinze minutos depois foi a vez da princesa
Isabel e do conde D'Eu. Uma vez no palácio,
foram conduzidos a um salão em separado, onde já
se achavam reunidos membros do corpo diplomático
estrangeiro oficiais e alguns eleitos da
sociedade carioca. O guarda-roupa da imperatriz
não chegou a causar impressão especial entre os
convidados - um vestido de renda de chantilly
preta, guarnecido de vidrilhos. A toalete da
princesa Isabel, no entanto, causou exclamações
de admiração pelo luxo e pela beleza. Ela
portava uma roupa de moiré preta listada, tendo
na frente um corpinho alto bordado a ouro. Nos
cabelos, carregava um diadema de brilhantes.
Na sequência, pouco mais de um ano depois de
testemunhar o júbilo popular com a abolição da
escravatura, Dona Isabel veria a monarquia no
Brasil ser extinta. Insuflados pelos radicais
positivistas, pela maçonaria e apoiados pelos
fazendeiros, os militares depuseram o gabinete
do Visconde de Ouro Preto e instauraram uma
ditadura republicana.
O livro "Barão de Santo Angelo, O Espírita da
Corte" (Editora Lorenz) analisa as motivações do
golpe republicano e traz informações importantes
sobre as revoltas e ressentimentos pessoais do
líder Benjamin Constant contra o monarca, fator
considerado decisivo para a realização da
quartelada que ensejou a proclamação da
república. Os chamados "ideais republicanos", na
verdade, constituiriam um simples pano de fundo
para justificar a insurreição que mudou a forma
de governo em 1889.
Dona Isabel, com 43 anos de idade, seguiu com
sua família para o exílio, na madrugada de 17 de
novembro de 1889, depois de ter sido expedida,
na véspera, uma intimação pelo major Frederico
Solón, o mesmo que houvera espalhado o boato, na
Rua do Ouvidor, de que Dom Pedro II decretara a
prisão de Deodoro e de Benjamin Constant, que
precipitou o golpe, com a cavalaria na rua. A
madrugada do embarque para o exílio era chuvosa
e o mar estava revolto com graves riscos para as
embarcações. Dom Pedro II sofria uma crise aguda
do diabetes e embarcou, com dificuldade,
amparado por seu médico particular, o dr. Mota
Maia, que com ele seguiu viagem.
Foi nesse contexto dramático que a família
imperial rumou para o exílio. Segundo suas
próprias palavras, Isabel deixou a pátria aos
soluços, sob as ordens e intimações do
tenente-coronel João Nepomuceno Mallet, que mais
tarde iria insurgir-se contra o próprio Governo
republicano que ele ajudou a instalar. Não
faltou quem quisesse reagir, como foi o caso do
Almirante Tamandaré, mas Dom Pedro II recusou
qualquer reação e pacificamente deixou o
território nacional, para entrar na História. E
o Brasil inaugurou a república sob forte crise,
com fechamento do Congresso, banimentos, censura
à imprensa, perseguição de jornalistas,
autoritarismos. A inflação disparou[carece de
fontes] e a economia entrou em crise. E assim
foi praticamente durante toda a primeira década
de República.
Os temores expressos na carta de três meses
antes se confirmaram antes de que fosse possível
legar aos negros libertos sua cota de justiça.
Dom Pedro II morreu em Paris, em 5 de dezembro
de 1891, e ela passou a ser considerada pelos
monarquistas imperatriz de jure do Brasil como
Dona Isabel I.
Apesar da dor do exílio Dona Isabel teve uma
velhice tranquila, instalada no castelo da
família em Eu, na Normandia, propriedade de
Gastão de Orléans (Castelo d'Eu). Rodeada pelos
filhos e netos fez de sua casa uma embaixada
informal do Brasil. Recebia brasileiros de
passagem, ajudou o jovem Alberto Santos-Dumont
quando desenvolvia suas invenções. Passou os
últimos anos da vida com dificuldades de
locomoção. Em 1920, teve a felicidade de saber
que a lei que bania a família imperial do Brasil
havia sido revogada pelo presidente Epitácio
Pessoa.
Neste sentido, convém notar, como em todos os
processos históricos, houve uma disputa
judicial, iniciada logo após o exílio forçado, e
durante a qual aconteceram avanços e
retrocessos, pareceres favoráveis e
desfavoráveis e uma série de constrangimentos
pelos quais a família imperial teve de passar.
Em 1903, por exemplo, foi julgado em 14 de
janeiro um pedido de habeas corpus impetrado
pelos republicanos Urbano Sampaio Neves, Olympio
Lima e Alberto Veiga:
"Olympio Lima e outros impetram ordem de habeas
corpus em favor de Gastão de Orleans, Conde
d'Eu, sua mulher Izabel de Orleans e demais
membros da ex-dinastia brasileira de Bragança,
para que cesse o constrangimento ilegal de que
são vítimas, por força do decreto que os baniu
do território nacional, e pedem a anulação do
citado decreto, alegando que ele foi revogado
pela Constituição Federal.
Sobre o habeas corpus, sua elaboração e
princípios, o site Histórias e Lendas de Santos
afirma:
"A ideia de um habeas-corpus em favor da banida
família imperial brasileira nasceu do doutor
Urbano de Sampaio Neves, ilustre advogado. Sua
ação, como republicano, traduzira-se bem em seus
trabalhos de jornalista no ultra-republicano
Diário de Notícias. As conclusões a que chegara
Urbano Neves são simples e objetivas: "Somente
por ilegalidade, timidez ou indiferença é que a
Família Imperial continua no exílio sob a
pressão do decreto que a baniu do território
nacional; só por estranho capricho, ou
revoltante ingratidão, é que se recusa sepultura
em terra brasileira ao venerando Monarca que
durante meio século dirigiu os destinos deste
País".
Urbano Neves levou sua ideia ao doutor Martim
Francisco Ribeiro de Andrada - duplamente
ilustre, pela ascendência e pelo talento -
sugerindo-lhe que requeresse uma ordem de
habeas-corpus, já que suas opiniões políticas o
aproximavam da Monarquia, já porque a sua
comprovada competência jurídica e o prestígio de
seu nome dariam àquele recurso as proporções de
verdadeiro acontecimento. O doutor Martim
Francisco, porém, recusou a ideia.
Escrúpulos de ordem moral e política, que a
situação justificava, e porque a seus amigos e
correligionários parecia inoportuna qualquer
atitude que provocasse, por parte das
autoridades republicanas, maiores desabrimentos
e intolerâncias, deixava de intentar o recurso
sugerido, aguardando melhores tempos e melhores
circunstâncias. Suas ideias eram, porém,
francamente favoráveis ao habeas-corpus e, por
várias vezes, manifestou-se publicamente a seu
favor. Uma vez que a iniciativa do recurso de
habeas-corpus não partia do elemento dinástico,
partisse, então, dos republicanos, como
afirmação categórica do sentimento de justiça
que deve presidir os regimes democráticos.
E dessa vez não houve medo, receio, escrúpulo,
precaução. Os dois mais brilhantes redatores de
A Tribuna, Olympio Lima, seu fundador, e Alberto
Veiga, talvez o mais perfeito estilista da
imprensa santista, colocaram-se ao lado de
Urbano Neves. E juntos, diante do País e da
História, assumiram a inteira responsabilidade
desse ato superior e necessário. Isso
estabelecido, caberia, naturalmente, a Urbano
Neves redigir a petição, já que teve a
iniciativa da ideia e era dono do conhecimento
profissional necessário, mas o advogado preferiu
confiar a Alberto Veiga, sob sua assistência
quanto à parte jurídica, aquela tarefa. Sem
dúvida alguma, ninguém melhor do que Alberto
Veiga, o mais completo redator, o mais perfeito
articulista, para redigir o documento. E,
igualmente, ninguém mais autorizado a ser um
aliado naquele trabalho, pelo seu caráter, honra
e sentimento de justiça, cerrando fileiras junto
aos demais, pela causa."
Sobre a revogação do Decreto de Banimento
propriamente dito, a notícia foi veiculada
inicialmente pelo jornal "O Imparcial", do Rio
de Janeiro, no dia 4 de setembro de 1920.14 O
decreto 4.120, assinado em 3 de setembro de
1920, procurava corrigir uma distorção jurídica,
onde uma família brasileira, que não cometera
crime algum, fora expulsa do país de maneira
arbitrária.
É a historiadora Luciana Pessanha Fagundes, em
seu memorável artigo "Memórias da monarquia:
D.Pedro II no cenário político da década de
20"15 quem nos descreve as circunstâncias em que
se deu esta revogação:
"Enfim, no dia 3 de setembro realizava-se no
Salão de Despachos do Palácio do Catete a
assinatura do decreto que revogava o banimento
da família real. Para assinatura do decreto foi
oferecida ao presidente uma caneta de ouro
obtida especialmente para a ocasião com dinheiro
arrecadado mediante subscrição pública promovida
pelo jornal "A Rua". A cerimônia foi realizada
com a presença de comissões de várias
instituições importantes como o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro, a Associação
Brasileira de Letras e a Associação Brasileira
de Imprensa.
O decreto é caracterizado como uma “nova Lei
Áurea” por Affonso Celso em artigo para o Jornal
do Brasil. O presidente do IHGB apontava que a
denominação Lei Áurea para a lei assinada
naquele dia se devia pelo fato de que, assim
como a de 13 de maio, “essa lei repara uma grave
injustiça” e também “redime do exílio a excelsa
senhora que mereceu o cognome de Redentora”. A
república teria, então, inscrito nos anais da
história uma “data luminosa semelhante aquela do
império”. Revogado o banimento, são formadas
rapidamente duas comissões, capitaneadas pelo
IHGB, encarregadas de organizar a recepção dos
despojos do imperador e da imperatriz."
Além do banimento ocorreu confisco dos bens
particulares da família imperial. Praticamente
todos os bens e pertences dos Orleans e Bragança
foram leiloados:
"No Brasil de 1890 deram-se 13 leilões dos bens
da Casa Imperial - objetos, móveis e semoventes.
Procederam à avaliação dos móveis, carros,
animais e objetos existentes na Quinta da Boa
Vista e os vindos do Paço da Cidade o
tenente-coronel Costa Ferreira, da parte do
Juízo da 2ª Vara de Órfãos e João Teixeira, por
parte do dr. José da Silva Costa, procurador de
d. Pedro de Alcântara.
O Juiz da 2ª vara, dr. Honório Coimbra nomeou
para proceder ao leilão o leiloeiro Joaquim Dias
dos Santos. Francisco Marques dos Santos, em seu
artigo intitulado O leilão do Paço de São
Cristóvão, publicado no Anuário do Museu
Imperial, vol. 1, 1940, fala dos absurdos, da
desordem, da avaliação arbitrária e venda
forçada dos bens da família.
Exilada, espoliada, com a saúde frágil,
extremamente abalada pela morte de dois de seus
filhos (Antônio, em 1918, e Luís, em 1920), a
princesa Isabel faleceu em 14 de novembro de
1921. Foi sepultada no cemitério local, de onde
seria trasladada em 6 de julho de 1953 para um
jazigo no Mausoléu Imperial da Catedral de
Petrópolis. Como afirma Nelly Martins Ferreira
Candeias: "A princesa Isabel conviveu com o
predomínio agrário do tempo e declínio dos
escravagistas marginalizados pelo golpe fatal da
Abolição. Enfrentou a ideologia republicana dos
adversários, a extinção da monarquia e as
tristezas do exílio.
Posteridade
Foi organizado em julho de 2006 pelo Museu
Imperial, IPHAN e Ministério da Cultura, no
Museu Imperial – Rua da Imperatriz, 220 –
Petrópolis – Rio de Janeiro - um seminário
comemorativo do 160º aniversário da Redentora,
intitulado A Princesa das Camélias.
Há questões controversas a seu respeito, as
quais a historiografia não tem dado conta de
esgotar. Sabe-se que seu pai, por mais que a
amasse, não a fez participar da vida política,
até tornar-se ela regente por ocasião da
primeira viagem do imperador ao estrangeiro. Seu
catolicismo intenso fez que alguns temessem que,
no poder, ela subordinasse a política a
considerações ultramontanas.
Mas essas afirmativas constituem meras
especulações, pois não há fatos fidedignos que
possam justificar essa preocupação. Na verdade,
como não se tinha nada para acusar a Princesa
Redentora - detentora de reconhecidas virtudes
morais e culturais - valiam-se os republicanos e
radicais de sua crença para tentar
desqualificá-la. Isabel foi Princesa Regente
numa época em que a mulher ainda não se houvera
emancipado socialmente, sofrendo discriminações
hoje repudiadas por consenso geral.
Prova de habilidade política a princesa deu ao
exonerar o Gabinete Cotegipe para colocar em seu
lugar o conselheiro João Alfredo. Nessa ocasião
trabalhou com habilidade junto ao parlamento do
império para que a escravidão fosse
definitivamente erradicado da vida brasileira.
Prova de sua eficiência política foi o resultado
vitorioso da votação que aprovou a Lei Áurea,
depois de décadas de lutas em vão. Diz-se que o
próprio marechal Deodoro da Fonseca, que depôs a
monarquia, admitia a república para depois da
morte de D. Pedro II.
Esse fato, entretanto, simplesmente denota o
respeito que o marechal nutria pelo imperador.
Em outras palavras, muitos queriam que D. Pedro
II reinasse em paz até o fim da vida, mas não
admitiam que houvesse uma Dona Isabel I. Na
verdade, interesses pessoais e corporativos - e
não ideais republicanos propriamente dito - que
conspiravam para o fim da monarquia, não tinham
interesse que a Princesa Redentora assumisse o
trono e então espalhavam injúrias para denegrir
a imagem de Isabel junto à opinião pública,
coisa que os escravocratas contrariados e
republicanos radicais de plantão sabiam fazer
como ninguém...
Este foi o caso do Conselheiro Saraiva quando
disse ao Imperador, lá em Petrópolis, que "o
Reino de Isabel não era deste mundo", numa
zombaria deselegante à fé que a Princesa nutria
pelo cristianismo. Essa análise, que trata do
contexto que envolveu os últimos tempos da
monarquia constam do livro "Dom Pedro II e a
Princesa Isabel", publicação da Editora Lorenz.
Para os contemporâneos, especialmente os
militares e fazendeiros, a compreensão de Isabel
do próprio papel como governante do país seria
inspirada pelo catolicismo ou então ela seria um
mero fantoche nas mãos do marido. Esta postura
era encampada por grande parte da imprensa:
"Isto leva a imprensa a publicar avaliações
sobre a última regência de Isabel, sendo que
estas são absolutamente contrastantes em alguns
aspectos, dependendo da orientação política dos
periódicos, ou totalmente coincidentes apesar
dela.
A análise dessas avaliações nos levou a concluir
que havia um consenso, ao menos na imprensa, de
que o afastamento do Barão de Cotegipe, a
escolha de João Alfredo e a abolição se fizeram
por ação direta da Princesa, e que, estando D.
Pedro II no trono, ela talvez não ocorresse
naquela hora e muito menos da forma que foi
feita, sem indenização.Isso é o provável motivo
que, ao fim de sua regência, levava a imprensa
abolicionista a exaltar seu ato e a não
abolicionista a culpá-la pela sua insatisfação e
pelas consequências que dela adviriam.
No entanto, apesar ter suas virtudes e
qualidades morais muitas vezes exaltadas, todos
foram unânimes em considerar Isabel sem
condições de governar,permanecendo a imagem de
que a uma mulher cabe exercer seu papel
exclusivamente na vida privada. Sua
religiosidade e a ideia de que ela era
facilmente influenciável,em especial por seu
marido, também continuavam a aparecer para todos
como um problema agravante. Um outro fator que
ficava evidente era a debandada da classe
agrária em direção ao movimento republicano e a
organização deste, cada vez mais eficiente.
Quando finda a terceira regência da Princesa, o
republicanismo já havia se espalhado.
Em relação às afirmações da imprensa da época,
dos primeiros republicanos e da unanimidade da
historiografia brasileira, tanto positivista
quanto marxista, até bem recentemente, podemos
usar como contraponto a argumentação de Rachel
Aparecida Bueno da Silva:
"Na verdade, passados mais de 100 anos da
Proclamação da República, podemos nos questionar
o quanto de ideológico existia nas colocações
dos primeiros republicanos, imbuídos que estavam
da vontade de consolidar um regime recém
inaugurado e prover a devida justificativa
teórica para a mudança da forma e do sistema de
governo: de monárquico para republicano e de
parlamentar para presidencialista.
Beatificação
Em outubro de 2011 foi oficialmente aberto o
processo de beatificação da princesa, entregue
ao arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani João
Tempesta a pedido de monarquistas brasileiros .
A justificativa para o pedido de beatificação de
D. Isabel foi o de a princesa ter demonstrado
durante toda sua vida uma profunda fé católica,
além de ter sido a responsável pela libertação
dos escravos no Brasil. O arcebispo D. Orani
prometeu levar o caso à arquidiocese de Paris,
uma vez que a princesa viveu seus últimos anos e
morreu na França. A Igreja investigará os
diversos testemunhos de pessoas que dizem ter
sido curadas por orações feitas à princesa.
Homenagem
Após ser derrotada no programa o maior
brasileiro de todos os tempos em 2012, Princesa
Isabel foi eleita a terceira maior brasileira de
todos os tempos, ficando na frente Santos Dumont
e Chico Xavier.
Louis Moreau Gottschalk dedicou sua obra Grande
Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional
Brasileiro a Son Altesse Impériale Madame la
Comtesse d'Eu, D. Isabel, em 1869.
Descendência
Luísa de Orléans e Bragança;
Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança;
Luís de Orléans e Bragança;
Antônio Gastão de Orléans e Bragança.
Representações na cultura
A princesa Isabel já foi retratada como
personagem no cinema e na televisão,
interpretada por Ana Lúcia Torre na novela
"Memórias de Amor" (1979), Tereza Raquel nas
minisséries "Abolição" (1988), e "República"
(1989), Miriam Mehler no seriado "Mundo da Lua"
(1991), Irene Ravache na novela "Sangue do Meu
Sangue" (1995), Rosamaria Murtinho na minissérie
"Chiquinha Gonzaga" (1999), e Carolyna Aguiar no
especial de fim de ano da TV Globo "O Natal do
Menino Imperador" (2008).
Também teve sua efígie impressa nas notas de Cr$
50 (cinqüenta cruzeiros) de 1949 e nas de Cr$
200,00 (duzentos cruzeiros) de 1981.
Notas
[a] ^ Título completo: "Pela Graça de Deus A
Redentora. Extinguidora da Escravidão. Eterna
Princesa Imperial do Brasil. Imperatriz
Constitucional e Defensora Perpétua do Brasil.
Eterna Chefe de Estado d'aquém e d'além mar no
Oceano Atlântico e das terras em Antártida.
Eterna Chefe de Governo de Atol das Rocas,
Fernando de Noronha, Marajó, São Pedro e São
Paulo e Trindade e Martim Vaz. Eterna Senhora da
Navegação no Rio Amazonas. Eterna Senhora da
Mata Atlântica. Eterna Senhora do Sertão e do
Planalto, do Cerrado e do Pantanal, das Praias e
dos Pampas. Senhora Perpétua do Uruguai.
[b] ^ Norma constitucional de 1824 Art. 120: "O
Casamento da Princesa Herdeira presumtiva da
Coroa será feito a aprazimento do Imperador; não
existindo Imperador ao tempo, em que se tratar
deste Consórcio, não poderá ele efetuar-se, sem
aprovação da Assembleia Geral. Seu Marido não
terá parte no Governo, e somente se chamará
Imperador, depois que tiver da Imperatriz filho,
ou filha."
[c] ^ "11 de agosto de 1889 – Paço Isabel Corte
midi/Caro Snr. Visconde de Santa Victória/Fui
informada por papai que me collocou a par da
intenção e do envio dos fundos de seo Banco em
forma de doação como indenização aos ex-escravos
libertos em 13 de Maio do anno passado, e o
sigilo que o Snr. pidio ao prezidente do
gabinete para não provocar maior reacção
violenta dos escravocratas. Deus nos proteja si
os escravocratas e os militares saibam deste
nosso negócio pois seria o fim do actual governo
e mesmo do Império e da caza de Bragança no
Brazil.
Nosso amigo Nabuco, além dos Snres. Rebouças,
Patrocínio e Dantas, poderão dar auxílio a
partir do dia 20 de Novembro quando as Camaras
se reunirem para a posse da nova Legislatura.
Com o apoio dos novos deputados e os amigos
fiéis de papai no Senado será possível realizar
as mudanças que sonho para o Brazil!/Com os
fundos doados pelo Snr. teremos oportunidade de
collocar estes ex-escravos, agora livres, em
terras suas proprias trabalhando na agricultura
e na pecuária e dellas tirando seos proprios
proventos.
Fiquei mais sentida ao saber por papai que esta
doação significou mais de 2/3 da venda dos seos
bens, o que demonstra o amor devotado do Snr.
pelo Brazil. Deus proteja o Snr. e todo a sua
família para sempre!/Foi comovente a queda do
Banco Mauá em 1878 e a forma honrada e proba
porém infeliz, que o Snr. e seo estimado sócio,
o grande Visconde de Mauá aceitaram a derrocada,
segundo papai tecida pelos ingleses de forma
desonesta e corrupta. A queda do Snr. Mauá
significou huma grande derrota para o nosso
Brazil!/Mas não fiquemos mais no passado, pois o
futuro nos será promissor, se os republicanos e
escravocratas nos permitirem sonhar mais hum
pouco.
Pois as mudanças que tenho em mente como o
senhor já sabe, vão além da liberação dos
captivos. Quero agora dedicar-me a libertar as
mulheres dos grilhões do captiveiro domestico, e
isto será possível através do Sufrágio Feminino!
Si a mulher pode reinar também pode
votar!/Agradeço vossa ajuda de todo meo coração
e que Deos o abençoe!/Mando minhas saudações a
Madame la Vicomtesse de Santa Vitória e toda a
família./Muito d. coração/ISABEL" (carta se
encontra no Memorial Visconde de Mauá, num
acervo de 3 mil documentos, que reúne gravuras,
quadros, fotografias, manuscritos, livros,
periódicos, etc. e foi divulgada, em rede
nacional, pela imprensa em 30 de abril de 2009).
Referencia:
Wikipédia
Ache Tudo e Região
|
|
|
Conheça
o
Ache
Tudo e Região o portal
de todos
Brasileiros.
Coloque este portal em seus favoritos. Cultive o
hábito de ler, temos diversidade de informações úteis
ao seu dispor. Seja bem vindo,
gostamos de suas críticas e sugestões, elas nos ajudam a melhorar
a cada ano.
|